CHAKA, C. From CMC Technologies to Social Participation Technologies.
TAIWO, Rotimi. Handbook of Research on Discourse Behavior and Digital Communication - Language Structures and Social Interaction. IGI Global, New York, 2010. (p. 627 - 641)
> Uma pesquisa recente, publicada no mês de novembro deste ano, revisou a noção dos six degrees of separation, publicada originalmente em 1967. O novo estudo realizado pela Universidade de Milão apoiou-se sobre as redes de contato formatadas através de perfis no SRS Facebook e propôs que o número médio de pessoas que separam outras duas é de 4.74. O Facebook afirma ter atualmente um número aproximado de 800 milhões de usuários cadastrados. A tendência é que com o aumento do número de usuários, a noção de separação entre dois indivíduos diminua. A pesquisa da universidade italiana reflete diretamente na ideia de audiência imaginada e, além disso, transforma o modo como podemos pensar os discursos produzidos e distribuídos digitalmente?
> A dimensão social da computação e a noção de tecnologia de participação social trouxeram mudanças de paradigma na experiência de muitos indivíduos do uso do computador. Evoluímos da uma metáfora de "ferramenta" para de "lugar". Como essa noção influencia a atitude e a motivação de indivíduos para a utilização de tecnologias digitais conectadas - e consequentemente suas finalidades?
> A ideia dos autores Jukes e Dosaj (2006) de que a linguagem digital será a primeira língua do sujeito é factível? Como fica o processo de hominização e socialização que se dá através de um outro na inevitável interação face-a-face, segundo as teorias psicológicas?
> Qual o papel do professor no processo de ensino-aprendizagem do aluno diante da OSL?
> Considerando que a memória não mediada é sempre reconfigurada a cada "lembrança" e em cada contexto, parece que o registro detalhado e tão amplo quanto o do Lifelogging traz à tona um tipo de memória mais estável e menos sujeita às reconstruções influenciadas por desejos, fantasias, traumas e emoções? O que diria um psicanalista sobre a dinâmica pulsante e complexa de "gerenciamento" dos afetos associados às nossas experiências passadas de vida quando boa parte das impressões e do contexto destas experiências está registrada de forma literal? Qual espaço para o direito ao esquecimento e ao anonimato?
> A capacidade de gerenciamento das impressões não seria menor quando o controle sobre o contexto escapa ao lifelogger. ex: se a situação a ser esquecida ocorre entre um grupo no qual a pessoa é discriminada ou nova: as informações de contexto serão limitadas e as inferências a partir dele também, mesmo que seja um pedaço concreto da realidade vivida?
> Será mesmo que a expectativa de privacidade irá guiar o uso do lifelogger ao invés dele ser mais um elemento que fará diminuir nossa expectativa de privacidade como já fazem as redes sociais?
> Parece haver uma contradição bastante recorrente neste contexto de reflexão sobre ambientes digitais: os dois autores destacam a importância do acesso aos registros para empoderar os usuários e dar maior transparência ao processo de monitoramento da privacidade. Mas a citada democratização da vigilância e a radical mudança nas noções de público e privado nos fazem pensar: não seria este empoderamento posterior um paliativo já que os usuários efetivamente gerenciam e exercem seu poder no momento anterior à decisão de publicar isto ou aquilo e ao aceitar os termos de uso dos serviços e ambientes digitais que freqüentará? O argumento do empoderamento é verdadeiro, mas ao entregar o poder de uso das informações pessoais também à terceiros, este poder passaria a ser compartilhado e não mais exclusivo para o gerenciamento das informações? E neste jogo de poder, qual espaço para o desvio e escape que sobra ao usuário que deseje se reinventar socialmente on e off line? Parece que a questão da confiança e da confiabilidade que os usuários atribuem aos provedores de serviços merece uma atenção especial na reflexão sobre o grau de consciência e de empoderamento no gerenciamento das informações pessoais.
> Considerando a MNL e o caráter cada vez mais híbrido dos discursos e das SPT, seria o desafio das familias e das escolas a educação para compreender e produzir sentido crítico ao invés de transmissão de conteúdo? uma vez que os conteúdos simplesmente estão disponíveis em variadas formas, seria o desafio criar e consolidar valores éticos que permitam uma participação e um engajamento o mais equilibrado e sustentável quanto possível? Me parece que neste ponto a educação em direitos humanos e a filosofia mereceriam uma atenção mais especial, no momento mesmo em que a racionalidade e o utilitarismo triunfam. Parece idealista e ingênuo (e talvez realmente seja), mas vale questionar que tipo de participação hoje é potencializada com as SPT, com base em quais acordos sociais e valores coletivos? Da mesma forma que no debate sobre a democratização da vigilância, precisamos refletir que tipo de sociedade o atual modelo de participação tem produzido e potencializado, já que podemos tanto participar (individual e coletivamente) de processos de emancipação quanto aprisionamento.
> Como podemos, em pesquisas nesta área, investigar a mutua influência das condições técnicas e da dinâmica social nas SPT. Sabendo que ambos mudam muito rapidamente e simultaneamente (as tecnologias e a dinâmica de seu uso), será que as caracteristicas apontadas sobre os NML se tornarão hegemônicas mesmo com tamanha distância das escolas, dos pais e de políticas públicas? Dito de forma mais direta, será que este potencial trazido pelas SPT será a tempo atualizado em práticas sociais mais gerais? Ou a transparência das tecnologias embutidas em nossas vidas se consolidará antes mesmo de modificar tão radicalmente a ordem social, assentando as tecnologias num modelo societal com parâmetros e ciências ainda tradicionais, lineares, monotarefa e pouco receptivos ao híbrido como status legitimo das coisas, pessoas e contextos?
> As questões sobre o aprendizado digital socializado, emergem juntamente considerando o aumento do número de pessoas utilizando os meios de comunicação (SPT) on-line sincrônicos ou assíncronos. Nestes termos, quais as providências cabíveis às escolas, e quais as medidas governamentais quanto as políticas públicas da educação que se farão necessárias, no sentido de implantar, acompanhar e promover e avaliar o fluxo deste conhecimento construído e compartilhado (OSL)? E como desenvolver as estratégias pedagógicas para lidar com este novo tipo de estudante?
> A utilização da internet (e dos apetrechos digitais) para a busca e compartilhamento de informações sobre o conhecimento humano, passado e atual, está definitivamente implantada na vida cotidiana atual. Como o modelo de educação da matriz familiar poderá ser afetado ou deverá ser adaptado considerando os aprendizes do novo milênio (NML)?
> De que forma as novas tecnologias (redes e arquiteturas) podem favorecer a aprendizagem socializada online?
> É possível prever em que níveis de convergência no universo offline, serão mais intensamente afetados com a aprendizagem socializada online?
> As SPTs podem ajudar as pessoas a se sentirem mais valorizadas quanto ao seus múltiplos conhecimentos, uma vez que há maior possibilidade de ganhar sensação de relevância e feedback positivo por existir um alcance facilitado a audiências interessadas?
> Será realmente que a fase da web 3.0 é baseada em colaboração, uma vez que a auto-exibição e publicização de si ganha tanto espaço nos SRS?
> Segundo Chaka, a capacidade de convergência do Facebook, enquanto multi-contexto, com múltiplas possibilidades, o transforma em palco de novas formas de interação social. Em que medida as formas de interações ali vivenciadas são, efetivamente, novas?
> Chaka pontua que discursos digitais são aqueles que pertencem às tecnologias de participação social (SPT). Nesse sentido, Chaka afirma que as SPT alteraram as clássicas concepções de discurso, criando uma plataforma de transformação deste. Simultaneamente, as SPT fazem surgir novas formas de expressão e de interação social. Como reflexão, propomos: o que pode ser considerado “novo” no discurso digital, nas expressões e interações sociais, neste cenário das tecnologias de participação social?
> A convergência de aplicativos, a atenção dividida por múltiplas fontes, domínio de múltiplas linguagens: o hibridismo vai além da simples convergência de dispositivos, e com isso, estaria desenvolvendo um indivíduo hibrido também?
> Egonomy, seria o fascínio dos usuários com eles mesmos e com os outros; esse encantamento não seria de certa forma bastante frágil, já que as redes sociais funcionam como vitrines virtuais de "personagens" criados pelos indivíduos para mostrar aos outros (e a si) quem eles são?
> Poderia haver, de fato, aprendizagens com a atenção tão dissipada entre as múltiplas fontes de multimídia?
> A participação social enquanto estruturadora de interações e comunicações transforma o discurso (essa ideia concebe um discurso como referência) ou configura um específico (essa ideia concebe o surgimento de um discurso) ?
> Um discurso híbrido é um discurso composto por partes que viram um ou um um que não pode ser compreendido enquanto totalidade?
> É possível observar formas de expressão e interações sociais no discurso digital para fenômenos ilícitos?