quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

FICHAMENTO - Information-Seeking Strategies, Uncertainty, and Computer-Mediated Communication: Toward a Conceptual Model. (2002)

RAMIREZ, Artemio; WALTHER, Joseph; BURGOON, Judee; SUNNAFRANK, Michael. Information-Seeking Strategies, Uncertainty, and Computer-Mediated Communication: Toward a Conceptual Model. Human Communication Research, 28, 213–228, 2002.


POR TARCÍZIO SILVA


Sobre os Autores:


Artemio Ramirez é professor no Communication in the College of Applied Arts & New Media, com pesquisa focada nos aspectos interpessoais da comunicação mediada por computador. Joseph Walther é professor na Michigan State University e também pesquisa aspectos interpessoais e identidade na comunicação mediada por computador. Seus trabalhos podem ser acessados em https://www.msu.edu/~jwalther/vita/vita.htm. Judee Burgoon é professora da Universidade do Arizona e pesquisa manipulação de informação. Michael Sunnafrank é professor na Universidade de Minnesota Duluth e pesquisa desenvolvimento de relações interpessoais online.


Argumentação Central:


Os autores iniciam o trabalho explicando a questão da pesquisa: como o desenvolvimento da comunicação mediada por computador interfere na construção de relacionamentos interpessoais? E, mais especificamente, a CMC tem particularidades quanto ao processo de busca por informações sociais?

As perspectivas teóricas sobre busca por informações são abordadas na primeira seção do artigo. Inicia citando a perspectiva das “pistas deixadas de lado”, através da qual muita pesquisa acadêmica sobre CMC observou seus fenômenos. Citando trabalho de Culnan e Markus (1987), mostram como os primeiros pesquisadores acreditavam que não se desenvolviam relacionamentos nem se estabeleciam a formação de impressões sobre os outros, devido a uma suposta falta de pistas sociais.


Outras perspectivas mais recentes teriam oferecido ideias alternativas. Os autores as resumem de forma breve: SIDE (identificação social/modelo de desindividuação); SIPT (teoria do processamento de informação social); e a perspectiva hiperpessoal. O primeiro, SIDE, se baseia nos processos de categorização social pra propor que os indivíduos formam impressões sobre os outros baseados em informações mínimas, e isto se deve a relação entre identidade grupal e individual. A teoria do processamento de informação social (SIPT) propõe que os indivíduos se adaptam às pistas reduzidas e também utilizam fatores temporais. O modelo hiperpessoal, por fim, explica o desenvolvimento das relações online através dos processos atribucionais para redução de incerteza. Além disso, mostra como a CMC pode reunir informações que até ultrapassem a riqueza do contexto face a face.


Os autores buscam entender o processo de busca por informação social online que complemente o que as teorias citadas oferecem em termos de entendimento das relações online. Propõe um Modelo Conceitual de Busca por Informação Social na CMC e Novas Mídias que leva em conta fatores relacionados a tecnologia, informação, metas, situação/contexto, comunicador, seleção de estratégia, feedback, experiências e avaliação. A busca por informação social é mediada pelo nível de incerteza presente na situação. Os autores definem incerteza como “um estado cognitivo que flutua baseado na discrepância entre informação desejada e a qualidade da informação adquirida”.


Três assunções básicas sobre a busca por informação na comunicação mediada por computador. Em primeiro lugar, essa busca é direcionada por objetivos. Ou seja, não se procura a informação nela mesma, mas sim a informação que está relacionada a algum objetivo social, emocional ou instrumental. Em segundo lugar, a busca por informação é multifacetada, pois é realizada de diferentes modos. Por fim, a depender da importância do objetivo, mais estratégias diferentes de busca por informação serão utilizadas.

A comunicação mediada por computador traria particularidades ao processo de busca por informação. Em relação ao contexto face a face, traria duas vantagens: algumas estratégias exclusivas e a possibilidade de empregar estratégias de busca por informação durante a própria interação.

Estratégias interativas constituem a primeira categoria entre quatro outras possíveis. Neste caso, os autores falam da interação direta entre o indivíduo que busca informação e o alvo social. No caso da CMC, investigações anteriores descobriram que a falta de algumas pistas sociais favorecem o uso de estratégias interativas nos primeiros encontros entre indivíduos. Por exemplo, perguntas sobre aspectos físicos do interagente emergem pois, comumente, não estavam presentes pistas visuais – tais como imagem de rosto.


As estratégias ativas envolvem um terceiro ou mais indivíduos, na medida em que o que busca informação pode recorrer a outros. Ou seja, ao invés de interagir com o alvo social, se interage com outros que o conheçam.


Aspectos como armazenamento, visibilidade e possível navegação anônima, próprias da CMC, oferecem modos alternativos de busca por informação social que não envolvem a interação direta. Através de estratégias extrativas, os indivíduos acessam repositórios de informação social, tais como fóruns, chats e sites de redes sociais, para acessar os comentários e outras informações sobre o alvo social. Os autores identificam que estas estratégias possuem aspectos únicos na CMC. A última categoria de estratégia é chamada de passiva, através da observação não intrusiva como pela visualização de mensagens em fluxos ou recebidas sem ações realizadas.


Todas estas estratégias ganham particularidades na CMC e, especialmente, se observa a mudança possível da fonte de informação em direção à rede sociotécnica. Assim, o papel de observador – ao invés de participante – ganharia mais saliência.


Em seguida, ainda se debruçando sobre o modelo desenhado, os autores falam sobre os fatores influenciando a seleção de estratégias.


Fatores relacionados ao comunicador podem ser da ordem das características de personalidade, habilidades e preferências. A situação e contexto interferem, na medida em que um ambiente pode favorecer outras práticas e uma categoria (novato) outras, por exemplo. Relacionados aos objetivos, fatores como duração e importância estão presentes. O tipo de informação também interfere, pois determinadas qualidades ou quantidades de informação não podem ser conseguidas com qualquer estratégia. Os fatores relacionados a tecnologia também estão presentes, pois estas exercem constrições e possibilidades diferentes, em termos de assincronicidade e velocidade por exemplo. Todos estes fatores podem estar presentes de forma individual ou coletiva.


Em seguida, os autores vão discutir as consequências da busca por informação social na formação de impressões e desenvolvimento de relacionamentos. Sobre as diferenças entre estratégias que colocam o indivíduo em situações de observação ou participação, os autores chamam atenção para a relevância de se pensar como isto influencia os modos pelos quais as pessoas formulam impressões no momento da interação ou em outras ocasiões. Estudos que mapeiem as sequências das utilizações das estratégias, para os autores, poderão trazer mais luz ao desenvolvimento de relacionamentos. Sobre a veracidade das informações nas relações iniciadas nos ambientes online, os autores propõe a análise da correspondência entre as informações providas online e “quem a pessoa realmente é na interação off-line”. O compartilhamento de informações exerceria um papel de garantia no reforço da conexão online/off-line quando parece não ser voluntário. Concluindo, os autores reforçam a importância de se pesquisar a CMC, pois modelos previamente desenhados podem ser desafiados nestes ambientes.

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