sexta-feira, 9 de setembro de 2011

FICHAMENTO - CONDUCTING INTERACTION – Patterns of behavior in focused encounters (1990)

Chapter VIII - Behavior Foundation for the process of frame-attunement in face-to-face interaction

FICHAMENTO REALIZADO POR MATEUS SANTANA

Sobre o autor:

Adam Kendon – É uma das autoridades sobre o estudo do gesto, e como a linguagem gestual e de sinais se relacionam com a linguagem falada. Estudou Biologia e Psicologia Experimental nas universidades de Cambridge e Oxford. E nesse seu livro ele disponibiliza alguns estudos clássicos sobre a organização do comportamento em interação face-a-face.

Objetivos do capítulo:

Diante das diversas perspectivas interpretativas este capítulo visa discutir a sintonia do enquadramento (frame-attunemente) na interação face-a-face. Como é estabelecido e como uma interação coerente acontece.

Argumentação Central:

No presente capítulo Adam Kendon fala sobre a sintonia necessária para uma interaç­­­ão face-a-face e através de Garfinkel (1963) e Goffman (1955, 1957, 1961, 1963, 1974) ele propõe a discussão de que numa interação social coerente é necessário que os participantes compartilhem de um número de pressupostos básicos, incluindo a hipótese de que esses pressupostos são compartilhados. Kendon cita Goffman, ainda, ao falar da “interação focada” – quando dois ou mais indivíduos se unem abertamente para sustentar um único foco de interesse comum.

O autor busca discutir como este quadro compartilhado (shared frame), esta perspectiva interpretativa comum, vem a ser estabelecido. E questiona como é feito para que uma interação coerente aconteça. Os interatores precisam concordar em como essas expectativas constitutivas serão aplicadas para tentar garantir que a ação realizada por um dos interatores seja interpretada pelo outro da forma como foi pretendida. Ele afirma, nesse caso, haver uma relação de “confiança” no processo.

Uma das soluções apontadas é a rotinização de situações e eventos interacionais, situações estas que, de certa forma, podem ser classificadas em tipos, e regras de conduta apropriadas para cada um desses tipos são estabelecidas antecipadamente. Dessa forma, a variedade de quadros interpretativos possíveis de um interator pode ser reduzida.

Mas ainda há um campo de incertezas, principalmente quando o participante entra para um encontro real. Em um simples fato de saudar uma pessoa, como é possível saber que a saudação será recebida da forma pretendida? Manter-se como participante de uma interação focada propõe aos participantes uma perspectiva comum de relevância.

A partir da metáfora da faixa de atenção de Goffman, Kendon aborda a atenção diferenciada que é dada, por cada um dos participantes, para os aspectos da interação e como em qualquer encontro social há sempre um aspecto que avança, que é tratado como parte do enredo principal (main-line ou story-line track). Alguns modos da organização comportamental são quase que automaticamente designados ao status de faixa principal (main track), a vocalização nesse aspecto assume o primeiro lugar na hierarquia das atenções.

O autor fala ainda, sobre a comunicação da atenção exemplificando como indivíduos se comportam na busca de atenção para iniciar uma interação focada, os interatores usam de arranjos, posicionamentos orientados espacialmente, para comunicar que estão preparados para a atividade de interação. Neste caso, a posição espacial de um indivíduo pode fornecer informações sobre a sua estrutura interpretativa ou domínio da atenção.

Ele se organiza em relação às características ambientais adequadas, temos como exemplo o ato de ver TV: o individuo prepara um ambiente específico, respeitando uma distância mínima entre a TV, escolhendo o local onde permanecerá e/ou trazendo o controle remoto para perto de si. É possível, ainda, através dos arranjos de formação verificar como dois os mais indivíduos são capazes de fornecer informações sobre a relevância de cada um para o outro.

Kendon conclui afirmando que a interação humana é constituída sobre promessas e concorda com Peter Wilson (1980) que a espécie humana é a mais generalizada de todos os primatas, as formas de suas relações são as menos especificadas com antecedência. O autor no decorrer do capitulo mostra as várias características do comportamento observável, aborda a correlação dos gestos com a narrativa dos falantes no contexto da interação face-a-face, como forma de fornecer, previamente, informações necessárias para qualquer pessoa que se propõe a interagir com outra.

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