Interação entre duas pessoas (Michael Argyle)
Behavior Foundation for the process of frame-attunement in face-to-face interaction (Adam Kendon)
> O indivíduo a todo momento decide, consciente ou inconsciente, como se comportar. Isso seria o mesmo de selecionar as informações e de que maneira serão divulgadas no perfil virtual? E quando a adoção de perfil fake de personagens ou indivíduos famosos, acaba por influenciar na atitude desse indivíduo, meio que assumindo a personalidade do personagem (consciente ou inconscientemente)?
> A mudança de um tom de voz, uma postura adotada ou não, pode inundar uma conversa com significados. Que mudanças perceberíamos quando a interação ocorre virtualmente?
> O conjunto de gestos significativos também é empregado para permitir a participação de um indivíduo na conversa oficialmente, ou para se retirar; e para mostrar o estado da conversa... Numa comunidade do orkut, os participantes tem "permissão" de participar de todos os tópicos de conversas; o conjunto de gestos que mostrariam a restrição de participação em determinados tópicos poderia ser representado pela atitude dos membros "pop's" de ignorar os comentários de determinados indivíduos?
> Na nossa sociedade, temos regras e convenções que devemos seguir, quando algum indivíduo (intencionalmente ou não) quebra essas regras, os outros participantes se mobilizam para restaurar a ordem cerimonial. Quando pensamos em comunidades do orkut, que também possuem suas regras e mandamentos, se algum indivíduo tenta quebrar essas convenções, outros participantes tentam restaurar a ordem, podendo optar pela expulsão do indivíduo.
> Goffman (p. 49) afirma: "a natureza humana universal, não é uma coisa muito humana. Ao adquiri-la, a pessoa se torna uma espécie de construto, criada não a partir de propensões psíquicas internas, mas de regras morais que são carimbadas nela externamente. Essas regras, quando seguidas, determinam a avaliação que ela fará sobre si mesma e sobre seus colegas participantes no encontro, a distribuição de seus sentimentos e os tipos de práticas que ela empregará para manter um tipo especificado e obrigatório de equilíbrio ritual". Se a afirmação de Goffman representa de fato uma limitação por regras, ou melhor, como elas operam transformando o ser humano em um derivado de requerimentos estabelecidos numa organização ritual de encontros sociais, então, o que existe sempre é uma ilusão de agenciamento humano?
> Ainda a partir da citação de Goffman, os "sentimentos" também podem ser atribuídos a ordem da "regulação" através das normas morais? Ou seja, também temos aqui uma ilusão de agenciamento dos nossos sentimentos, que acreditamos muitas vezes, serem os mais genuínos?
> Ao ler sobre processo de correção, incompatibilidade de juízos de valor social, lembrei-me da afirmação de Argyle: Quando duas pessoas se encontram pela primeira vez procedem de maneira cautelosa (pg. 245). Essa cautela característica do primeiro encontro pode ser associada como ameaça, exigindo um processo de correção?
> Goffman fala da possibilidade de um indivíduo se engajar em um encontro de conversação tornando-se espontaneamente envolvido. Mas o que podemos entender por engajamento?
> Goffman sustenta que é na situação, na interação entre os interagentes, que se estrutura a experiência individual dos atores. Estes se articulam entre si, por meio de influências recíprocas onde avaliam e julgam o contexto em que elas acontecem para definir a conduta mais adequada a ser tomada. O autor parece não considerar os significados particulares do sujeito nas ditas interações face-a-face. Qual o lugar do "individual" nessas interações?
> Entendo que para que haja o gerenciamento de impressões, deve haver intencionalidade das partes. O sujeito considerado "louco" gerencia impressões na situação de interação social? Pode-se dizer que há interação social com uma pessoa que está alheia a situação?
> Interessante a importância dada às regras que subsidiam as interações sociais e determinam as condições de possibilidade do face-work. Como as TIC's tem incorporado novas regras e acabam dando novas possibilidades para o "jogo", ao mesmo tempo em que
a valorização social das celebridades (sociedade do espetáculo) também podem gerar novas dinâmicas. Colocando numa perspectiva histórica, me parece interessante indagar quais elementos se apresentam com maior poder de influenciar (e transformar) esta "base de regras sociais" que condicionam as interações sociais.
> Considerando a centralidade do indivíduo e a racionalidade hegemônica nas interações sociais contemporâneas, seria possível pensar no face-saving game em outros tipos de interações sociais como aquelas associadas à dádiva (Marcel Mauss)? Quero dizer, como pensar em interações nas quais não são tão evidentes a racionalidade e o cálculo
utilitário?
> Goffman explica que as questões discutidas neste texto aplicam-se a encontros imediatos e mediados, embora deixe claro que durante os contatos pessoais diretos, a importância da fachada torna-se ainda mais evidente. Então, partindo de uma reflexão sobre os encontros mediados, com foco especial naqueles experimentados nos ambientes digitais, questiona-se: qual a importância da fachada, nesse contexto? Os fatores rituais - tão valorizados por Goffman - permanecem importantes para as interações digitais?
> Goffman afirma que as obrigações de envolvimento da interação focada conversacional exigem um equilíbrio de conduta tão delicado que a alienação e desconforto são resultados típicos. Já a interação desfocada não exige as mesmas delicadezas de ajustes, segundo o autor. Transpondo essas questões para as ambiências digitais, poderíamos considerar a atuação de um indivíduo no twitter como uma maneira de interação desfocada? Ou nos ambientes digitais as condutas cerimoniais assumem outras formas, outras etiquetas, diferentes daquelas próprias da interação face a face e consequentemente, outros tipos de controles sociais de interação? Ou ainda: será que as condutas cerimoniais dependeriam também do tipo de ambiência digital a que nos referimos? (twitter, facebook, sites pornográficos, por exemplo)
> Quais as regras de conduta estabelecidas para as interações, que permitem um senso de realidade entre os participantes?
> As regras de conduta são as mesmas tanto para as interações "Face a Face" quanto nos contatos mediados?
> É possível pensar em cooperação nas interações sociais entre organização e indivíduos nas mídias sociais? Há, de fato, diplomacia nestas trocas?
> Quando a face de uma organização é ameaçada, há esforço iniciado pelo indivíduo para que a mesma seja reconstruída?
> De acordo com o exposto nas páginas 343-344, é possível afirmar que os questionamentos acerca dos perfis de jornalistas em mídias sociais estejam baseados nestas obrigações das relações sociais?
> A perceptividade e habilidade social são desenvolvidas ou atrofiadas pelo uso e exploração dos diferentes meios de comunicação? Um meio aparentemente mais interacional como a internet favoreceria essa perceptividade melhor que a televisão?
> Como as interrupções e retiradas que o indivíduos realizam na conversação online diferem da conversação face a face? Aproximando o debate que Goffman traz à noção de Argyle de sequência de interação em torno de "tópico" (Argyle, p.202), será que no Twitter as conversações seriam mais fugidias e abertas quando relacionadas a tópicos, em comparação à conversações relacionadas a questões pessoais?
> O controle da expressividade deve ser sempre valorizado, já que comportamentos mais assertivos tentem a se repetir?
> O processo corretivo pode limitar expressões coadjuvantes ao ritual de equilíbrio?
> Em ambientes digitais de compartilhamento de notícias é muito comum que a interação entre um cibermeio específico e um leitor/usuário seja concretizada a partir da mediação de sistemas inteligentes, como linguagens logarítmicas. Sendo assim, o Face-Work que será desenvolvido a partir do contrato entre o jornalismo e os leitores se concentraria, nestes ambientes, em qual figura? No homem-jornalista, no homem-programador ou no agente inteligente? Ou não mais estaria centrada em um indivíduo, mas sim numa instituição? Dito isso, surge outra questão: se aceitarmos que a legitimidade e a valorização se concentram no conjunto, então, regras sociais deverão ser criadas e mantidas entre os atores dessa instituição, para que, quando externalizadas, se constitua um Face-Work coletivo?
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