quinta-feira, 22 de setembro de 2011

FICHAMENTO - ESSENTIALS OF SOCIAL PSYCHOLOGY (2010)

SELF, IDENTIDADE E SOCIEDADE (p. 64 - 90)

FICHAMENTO REALIZADO POR TARCÍZIO SILVA

O livro Essentials of Social Psychology é um manual de introdução à Psicologia Social, escrito por Michael Hogg (Claremont Graduate University) e Graham Vaughan (University of Auckland). O capítulo em questão trata do Self, Identidade e Sociedade.

Os autores apresentam a importância da discussão sobre o self e a identidade como construtos para entendermos a percepção e interação social. Entender a identidade passa por entender como as interações sociais com os outros a constroem.


A ideia de self é relativamente recente, pois a estabilidade dos papéis e posições sociais posicionavam o indivíduo de acordo com variáveis e seus valores imutáveis a até pouco tempo, como local de nascimento, família, sexo, raça e religião. Os autores apresentam quatro grandes fatores que permitiram e levaram à atual compreensão do self: secularização, industrialização, iluminismo e psicoanálise. Quanto a este último, escrevem sobre a influência de Freud na composição do self psicodinâmico.


A compreensão do self como algo individual ou coletivo é o tema da seção seguinte. Os autores discutem o papel dos grupos na definição da identidade,. A teoria do comportamento coletivo e das multidões, por exemplo, postulou que existiria um comportamento específico de massas de pessoas, tema bastante característico do início do século XX e suas primeiras multidões urbanas. Esta ideia perdeu força ao longo do tempo, mas influenciou teorias sobre conformidade social e normas, por exemplo.


Ver o self como um construto emergente da interação social e como um processo ao invés de uma entidade definida foi algo proposto por psicólogos do final do século XIX e desenvolvido ao longo do século seguinte. O self poderia ser visto como o “Eu”, o fluxo da consciência e como o “Me”, objeto social. Partindo dessa compreensão do self como objeto de reflexão, George Mead e o itneracionismo simbólico desenvolvem o conceito deste self que surge da interação social e é constantemente recriado ao longo do tempo, interações e influências sociais. Interagir, então, é levar em conta os pensamentos e expectativas das outras pessoas em relação a si e, a partir disso, agir.


A ideia do self espelho propõe que nos percebemos a partir de como os outros nos percebem ou, mais especificamente, como achamos que os outros nos percebem.Os autores citam alguns estudos que mostraram a importância da percepção de si que emergiu depois de determinadas ações, algo que se mostrou bem diferente em contextos públicos e privados.


Continuando a discussão sobre auto-consciência (self awareness), os autores falam da teoria sobre o tema criada por Charles Carver e Michael Scheier que distinguiram dois tipos de self que pode vir à autoconsciência:

- o self privado, que engloba pensamentos privados, sentimentos e atitudes;

- o self público, que se refere a como as pessoas veem o indivíduo, a sua imagem pública.


Os trabalhos e teorias citados pelos autores mostram a importância de uma auto-consciência equilibrada: de um lado serve para ajudar o indivíduo a comparar comportamentos com padrões internos, de outro pode prejudicar a ação ao ser superestimada.


O auto-conhecimento está ligado a diversos fatores, como esquemas, aprendizado, comparação e regulação.


Os indivíduos seriam esquemáticos em relação a alguns traços individuais, especialmente os de importância percebida. E estes traços seriam múltiplos na maioria dos indivíduos, como um mecanismo de satisfação: ao ser confrontado ou enfrentar fracasso em um fator de importância, outro pode ser mais valorizado.


O processo de aprendizado sobre o self é pautado por diversas dinâmicas, como o efeito de superjustificação. As pessoas tenderiam a dar mais ênfase, atenção e intencionalidade a tarefas e ações percebidas como de escolha própria, enquanto ao receber determinantes externos tal não se apresenta. As implicações dessa dinâmica podem ser vistas em contextos educacionais, por exemplo.


A teoria da comparação social, proposta por Leon Festinger, explica como as pessoas aprendem sobre si através da comparação com os outros. O impacto na auto-estima é considerável em contextos familiares, por exemplo, no qual irmãos mais novos tendem a se comparar com os irmãos mais velhos. Um mecanismo de defesa é a manutenção de auto-avaliação, através da qual as pessoas tendem a diminuir as semelhanças percebidas com os objetos sociais de comparação ou, ainda, terminar os relacionamentos. Tais mecanismos de comparação também ocorrem entre grupos, onde as pessoas se categorizam de acordo com alguns atributos característicos do grupo.


A regulação do self entre selves possíveis, atuais e desejados influenciam os sentimentos individuais e a interação social. Os autores citam Higgins, que dividiu o sistema regulatório do self em dois tipos de acordo com a motivação e metas: sistema de promoção e sistema de prevenção, onde o primeiro está associado a pessoas que buscam correr riscos para alcançar os objetivos enquanto o segundo se refere ao evitamento de situações de falha.

Em seguida, os autores explicam os conceitos de identidade social e identidade pessoal. A identidade social é explicada em termos de pertencimento a grupos, enquanto a identidade pessoal é definida de acordo com traços e relacionamentos idiossincráticos. Distinguindo self e identidade, os autores associam o caráter múltiplo do self a formas diferentes deste: self individual, self relacional e self coletivo.

A construção do self e a busca por auto conhecimento é pautada por três classes de motivos, segundos os autoers: self-assessment, self-verification, self-enhancement.

- Self-assessment é o processo pelo qual as pessoas procuram informações que validem e definam a compreensão do self

- Self-verification é a tendência de confirmar o que os indivíduos já pensam de si, para manter a consistência

- Self-enhancement descreve a tendência que os indivíduos possuem de procurar, encontrar e dar mais atenção a informações que construam imagens favoráveis de si.


Utilizando a auto-reflexão como um modulador desses fatores, Sedikides descobriu que no contexto de seus experimentos o self-enhancement foi mais forte, seguido de a self-verification e do self-assessment. Ou seja, favorecer as imagens positivas e desejáveis do self são mais fortes.


A auto-estima é o tema da seção seguinte, na qual os autores tentam responder porque as pessoas são tão motivadas a pensar positivamente sobre si mesmas. Citam Sedikides e Gregg que reuniram três características do pensamento humano quanto a esse tema sob o conceito self-enhancing triad: as pessoas costumam superestimar seus pontos favoráveis, superstimar seu controle sobre os eventos e são irrealmente otimistas.


Entre pessoas de alta e baixa auto-estima, algumas características são mais presentes em um dos pólos desse valor. As primeiras seriam mais persistentes, emocionalmente estáveis, menos flexíveis e influenciáveis, por exemplo.


Os autores revisam duas motivações possíveis sobre a qual a busca pela auto-estima se basearia. A primeira seria o medo da morte, pois as pessoas com auto-estima alta se sentiriam melhores sobre si, positivas e empolgadas com a vida. Outra explicação é ver a auto-estima como indicador do quanto uma pessoa é socialmente aceita.


Finalizando o capítulo, os autores falam da auto-apresentação e gerenciamento de impressões. A partir da revisão do trabalho de Goffman sobre o tema, identifica duas classes de razões para auto-apresentação: estratégica e expressiva. A primeira estaria mais associada a pessoas que se auto-monitoram mais, uma vez que estas pessoas moldam de forma mais consciente seu comportamento para as diferentes audiências.


A auto-apresentação estratégica é explicada em termos de cinco motivos, propostos por Ned Jones e Thane Pittman: auto-promoção; agrado; intimidação; exemplificação e súplica. A auto-apresentação expressiva envolve demonstrar o conceito que o indivíduo tem de si através de suas ações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário