Cap. 01 - Sobre a preservação da fachada - Uma análise dos elementos rituais na interação social
Cap. 04 - A alienação da interação
> Goffman (p. 49) afirma: "a natureza humana universal, não é uma coisa muito humana. Ao adquiri-la, a pessoa se torna uma espécie de construto, criada não a partir de propensões psíquicas internas, mas de regras morais que são carimbadas nela externamente. Essas regras, quando seguidas, determinam a avaliação que ela fará sobre si mesma e sobre seus colegas participantes no encontro, a distribuição de seus sentimentos e os tipos de práticas que ela empregará para manter um tipo especificado e obrigatório de equilíbrio ritual".
Se a afirmação de Goffman representa de fato uma limitação por regras, ou melhor, como elas operam transformando o ser humano em um derivado de requerimentos estabelecidos numa organização ritual de encontros sociais, então, o que existe sempre é uma ilusão de agenciamento humano?
> Ainda a partir da citação de Goffman, os "sentimentos" também podem ser atribuídos a ordem da "regulação" através das normas morais? Ou seja, também temos aqui uma ilusão de agenciamento dos nossos sentimentos, que acreditamos muitas vezes, serem os mais genuínos?
> Ao ler sobre processo de correção, incompatibilidade de juízos de valor social, lembrei-me da afirmação de Argyle: Quando duas pessoas se encontram pela primeira vez procedem de maneira cautelosa (pg. 245). Essa cautela característica do primeiro encontro pode ser associada como ameaça, exigindo um processo de correção?
> Goffman fala da possibilidade de um indivíduo se engajar em um encontro de conversação tornando-se espontaneamente envolvido. Mas o que podemos entender por engajamento?
> Goffman sustenta que é na situação, na interação entre os interagentes, que se estrutura a experiência individual dos atores. Estes se articulam entre si, por meio de influências recíprocas onde avaliam e julgam o contexto em que elas acontecem para definir a conduta mais adequada a ser tomada. O autor parece não considerar os significados particulares do sujeito nas ditas interações face-a-face. Qual o lugar do "individual" nessas interações?
> Entendo que para que haja o gerenciamento de impressões, deve haver intencionalidade das partes. O sujeito considerado "louco" gerencia impressões na situação de interação social? Pode-se dizer que há interação social com uma pessoa que está alheia a situação?
> Considerando a centralidade do indivíduo e a racionalidade hegemônica nas interações sociais contemporâneas, seria possível pensar no face-saving game em outros tipos de interações sociais como aquelas associadas à dádiva (Marcel Mauss)?
> Como pensar em interações nas quais não são tão evidentes a racionalidade e o cálculo
utilitário?
> Goffman explica que as questões discutidas neste texto aplicam-se a encontros imediatos e mediados, embora deixe claro que durante os contatos pessoais diretos, a importância da fachada torna-se ainda mais evidente. Então, partindo de uma reflexão sobre os encontros mediados, com foco especial naqueles experimentados nos ambientes digitais, questiona-se: qual a importância da fachada, nesse contexto? Os fatores rituais - tão valorizados por Goffman - permanecem importantes para as interações digitais?
> Goffman afirma que as obrigações de envolvimento da interação focada conversacional exigem um equilíbrio de conduta tão delicado que a alienação e desconforto são resultados típicos. Já a interação desfocada não exige as mesmas delicadezas de ajustes, segundo o autor. Transpondo essas questões para as ambiências digitais, poderíamos considerar a atuação de um indivíduo no twitter como uma maneira de interação desfocada? Ou nos ambientes digitais as condutas cerimoniais assumem outras formas, outras etiquetas, diferentes daquelas próprias da interação face a face e consequentemente, outros tipos de controles sociais de interação? Ou ainda: será que as condutas cerimoniais dependeriam também do tipo de ambiência digital a que nos referimos? (twitter, facebook, sites pornográficos, por exemplo)
> Quais as regras de conduta estabelecidas para as interações, que permitem um senso de realidade entre os participantes?
> As regras de conduta são as mesmas tanto para as interações "Face a Face" quanto nos contatos mediados?
> É possível pensar em cooperação nas interações sociais entre organização e indivíduos nas mídias sociais? Há, de fato, diplomacia nestas trocas?
> Quando a face de uma organização é ameaçada, há esforço iniciado pelo indivíduo para que a mesma seja reconstruída?
> De acordo com o exposto nas páginas 343-344, é possível afirmar que os questionamentos acerca dos perfis de jornalistas em mídias sociais estejam baseados nestas obrigações das relações sociais?
> A perceptividade e habilidade social são desenvolvidas ou atrofiadas pelo uso e exploração dos diferentes meios de comunicação? Um meio aparentemente mais interacional como a internet favoreceria essa perceptividade melhor que a televisão?
> Como as interrupções e retiradas que o indivíduos realizam na conversação online diferem da conversação face a face? Aproximando o debate que Goffman traz à noção de Argyle de sequência de interação em torno de "tópico" (Argyle, p.202), será que no Twitter as conversações seriam mais fugidias e abertas quando relacionadas a tópicos, em comparação à conversações relacionadas a questões pessoais?
> O controle da expressividade deve ser sempre valorizado, já que comportamentos mais assertivos tentem a se repetir?
> O processo corretivo pode limitar expressões coadjuvantes ao ritual de equilíbrio?
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