CHAPTER XVIII – THE SELF WE KNOW AND THE SELF WE SHOW: SELF-ESTEEM, SELF PRESENTATION, AND THE MAINTENANCE OF INTERPERSONAL RELATIONSHIPS
FICHAMENTO REALIZADO POR FERNANDA CARRERA
Sobre o Autor:
Mark R. Leary é professor de Psicologia e Neurociência, e diretor do Programa de Psicologia Social da Duke University. Doutor em psicologia social pela Universidade da Flórida (1980), lecionou em Denison University e Wake Forest University. Seus interesses de pesquisa centram-se na motivação social e na emoção, e em processos envolvendo noções de self e identidade, sendo membro da Associação Americana de Psicologia.
Objetivos:
Trazer um elo de ligação entre o self público e o privado - conceitos separados pela maioria das pesquisas do campo da psicologia e da sociologia - entendendo o papel da auto-estima como indicativo do valor que o outro dá ao indivíduo nas relações interpessoais. Perceber de que forma o self público se serve de artifícios de representação para aumentar ou manter este valor e, por fim, elevar a auto-estima do indivíduo.
Argumentação Central:
No capítulo, o autor começa a sua argumentação alertando para o fato de que somente em seres humanos é possível ver esforços deliberativos de transmitir uma imagem para as outras pessoas, imagem que pode ou não combinar com aquela que imaginamos de nós mesmos.
Nos estudos sobre self, existem duas visões tradicionais: uma que foca no self privado, subjetivo, e outra no self social, público. A primeira explora como as pessoas desenvolvem um senso do seu próprio self, os motivos psicológicos que afetam a sua visão sobre o self, e as implicações emocionais e comportamentais de como as pessoas percebem a si mesmas. O segundo, que pode ser exemplificado pelo pensamento de Goffman, afirma que o self é um produto da cena e não a causa dela. Ou seja, o único self verdadeiro é o público.
Dentre as motivações que constroem o self, o “aprimoramento” é o que interessa neste capítulo. Pesquisas das duas tradições percebem a existência do aprimoramento como motivo para a construção de si mesmos de forma favorável, socialmente desejável. No self privado, há, de acordo com as pesquisas tradicionais, a motivação da auto-estima; enquanto no self público, há a representação. O interesse do autor é considerar estas duas motivações em um único processo.
Depois de trazer a discussão sobre a distinção entre self público e privado, o autor afirma que a abordagem que sugere que as pessoas usam sentimentos subjetivos sobre a sua auto-estima como indicadores de outra conveniência social, como domínio ou aceitação social, é útil aos propósitos do trabalho uma vez que mostra como sentimentos privados de auto-estima podem ser relacionados a representações públicas do self do indivíduo.
A Sociometria
Segundo Leary, a teoria da Sociometria pode ser útil para prover um enquadramento necessário ao entendimento da natureza do aprimoramento do self público e privado. De acordo com a mesma, os seres humanos possuem um mecanismo psicológico – a sociometria – que monitora a qualidade das suas relações interpessoais, ou seja, especificamente o grau que outras pessoas dão ao fato de estarem se relacionando com eles. Então, as pessoas não estão constantemente monitorando o que os outros pensam sobre elas, mas estão sempre ligadas na percepção de indicativos que mostrem sentimentos negativos dos outros sobre elas.
A Sociometria motiva o comportamento de representação do self quando é detectada uma diminuição na avaliação relacional. A Sociometria ou sistema de auto-estima monitora o valor relacional e motiva um comportamento para remediar o que precisa.
Assim, no ponto de vista da teoria da Sociometria, a auto-estima é importante porque serve como indicador de avaliações relacionais, ou especificamente, aceitação e rejeição. As pessoas não buscam auto-estima para seu próprio interesse, mas usam estes sentimentos de auto-estima como indicadores do grau que estão sendo avaliadas pelos outros.
As pessoas não são motivadas a manter a auto-estima. Ao invés disso, elas são motivadas a serem aceitas e avaliadas, e a auto-estima é simplesmente o indicador psicológico que elas usam para monitorar a sua inclusão social.
Estratégias de representação do self
Baixa auto-estima sinaliza avaliações relacionais baixas. As pessoas com alta auto-estima tendem a lutar para fazer boas impressões, enquanto aqueles com baixa auto-estima tentam a evitar que outros tenham impressões negativas sobre eles. Isto é, a auto-estima modera o uso de estratégias de proteção ou aprimoramento do self.
As pessoas que acreditam ser negativamente avaliadas pelas outras, isto é, com baixa auto-estima, tendem a ser menos seguras para manter as relações sociais. Isto porque elas acreditam que não podem arriscar em suas representações do self para que ao final possam estar com avaliações ainda mais negativas que antes. Assim, estas pessoas assumem riscos menores de representação do self do que aquelas com alta auto-estima, que acreditam poder, a cada dada situação, aumentar ainda mais a sua avaliação social assumindo riscos de representação do self.
Auto-decepção
O conceito de autodecepção apresenta um paradoxo, porque implica que há um self privado separado em duas partes: aquela que sabe a verdade sobre si mesmo e aquela que não sabe, e aquela que sabe engana a outra. Segundo Leary, estas dissociações são comuns em pessoas com psicopatologias, mas é ainda confusa a existência deste elemento no funcionamento psicológico normal dos indivíduos. o autor ainda alerta que não está sugerindo que este elemento não exista, mas sugere que a decepção acontece por expectativas em relação às avaliações relacionais, e não através de desilusões causadas pelo sef privado.
Conclusões
No caso da auto-estima, as pessoas parecem ser fortemente motivadas a manter imagens favoráveis de si, sentindo-se bem consigo mesmas. No caso da representação do self, as pessoas são motivadas a construir boas impressões nas outras pessoas. A tese central do capítulo é que embaixo das diferenças superficiais entre self público e privado, o aprimoramento é um processo comum que ajuda ao indivíduo monitorar e responder a eventos interpessoais que têm implicações para o grau que ele é avaliado e aceitado ou rejeitado por outras pessoas. Ou seja, auto-estima privada é o coração do sistema que monitora o valor relacional, e a representação do self serve como subsídio para manter e aprimorar este valor.
Diante disso, ficam as questões: A representação do self é somente uma forma de manter o valor relacional ou ela tem outras funções? A auto-estima é só uma parte do sistema de monitoramento interpessoal ou ela faz outras coisas? Estas perguntas ainda ficam em aberto, embora muitas discussões já tenham acontecido ao redor delas. No entanto, algo fica de conclusão do capítulo: tanto o self que conhecemos quanto o self que mostramos estão envolvidos na talvez mais importante tarefa interpessoal e social que a espécie humana precisa encarar: assegurar a aceitação de outros membros do seu próprio grupo.
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