POR FERNANDA CARRERA
Sobre os autores: Vladimir Barash é doutor em Ciências da Informação pela Cornell University. Seu interesse de pesquisa aborda mídias sociais e gerenciamento de impressão. Nicolas Ducheneaut é membro do laboratório de pesquisa em Ciências da Computação da Universidade de Palo Alto e doutor pela Universidade da Califórnia, Berkeley. Sua pesquisa tem como foco a análise das interações sociais em ambientes online, assim como o desenvolvimento de ferramentas de análise específicas para este tipo de interação. Ellen Isaacs é pesquisadora da Universidade de Palo Alto e doutora em Psicologia Cognitiva pela Universidade de Stanford. Por fim, doutora em Interação Homem-Computador, Victoria Bellotti é também pesquisadora da Universidade de Palo Alto, sendo conhecida por suas pesquisas sobre gerenciamento de informações pessoais através do uso da tecnologia.
Objetivos: Desenvolver um aplicativo de análise específico para capturar as impressões “given” e “given off” dos usuários do Facebook (a partir das suas atualizações).
Argumentação central: De acordo com os autores, os usuários do Facebook em geral alcançam sucesso em apresentar uma imagem positiva de si mesmos, mas são apenas parcialmente conscientes de como eles estão sendo vistos pelos outros, além de suberestimarem a força da impressão que promovem. Isso é relevante quando se pensa no gerenciamento do self nestes ambientes, uma vez que parece ser um risco projetar um inflado senso de self em um mundo no qual os gerenciamentos e as impressões acontecem a partir de microatualizações.
Usando um enquadramento de análise baseado em Goffman, os autores interpretam as atualizações do Facebook como “performances”, representações, dando à platéia a chance de formar uma impressão a respeito do usuário, sendo essa impressão pretendida ou não. No entanto, de acordo com o artigo, enquanto Goffman traz uma metáfora bem estabelecida para se entender o gerenciamento de impressão, ainda são vagas as dimensões que constituem, na prática, a impressão. Isto é, Goffman não forneceu uma lista de táticas que as pessoas usam durante o gerenciamento da fachada, ou uma taxonomia da formação da impressão.
Sendo assim, os autores realizam uma revisão de literatura que demonstra como outros pesquisadores buscaram definir estas táticas, e adotam para a sua pesquisa o trabalho de Glaster (1998), que constrói categorias binárias para capturar o “valor social positivo” – o objetivo dos usuários – versus o valor negativo, visto como a falha do gerenciamento de impressão. São elas: Legal/Não legal; interessante/maçante; alto-astral/depressivo; autodepreciação/autovalorização; apreciativo/crítico.
O aplicativo “Avalie o seu feed de notícias” apresenta aos usuários uma lista de posts do seu Feed de notícias, incluindo a sua própria e mensagens dos amigos. Cada post foi acompanhado
por uma imagem do usuário que postou, o nome da pessoa e o texto
do post. Não foram exibidos “likes” ou comentários dos post, de modo que não influenciasse na percepção das pessoas. Abaixo de cada post foi colocado um conjunto de cinco barras, uma para cada uma das cinco dimensões de gerenciamento de impressão, além de uma caixa de texto pedindo um adjetivo para descrever a forma como a pessoa parece no post.
De acordo com os resultados, há uma diferença entre as impressões que as pessoas acreditam produzir nos outros e as impressões que elas formam das outras pessoas. Além disso, pôde ser percebido que a dimensão mais relevante para os posts dos amigos é a interessante/maçante, mostrando que ver muitos posts interessantes ou legais na timeline pode moldar a percepção do invidíduo sobre o que é uma fachada que obteve sucesso na sua construção. Outro resultado interessante foi a respeito das experiências subjetivas no Facebook. Dois comentários foram bastante comuns: o fático “haha” ou “hilário” e aqueles que oferecem simpatia, como “isso é terrível” ou “coitado de você”. As risadas ilustram como ser engraçado é um dos aprovados atributos sociais que os participantes querem reforçar no contexto do Facebook.
Como conclusão, os autores acreditam que os resultados da pesquisa estão bem alinhados com a percepção de que as atualizações no Facebook poder ir mais longe do que o esperado, quando se pensa em gerenciamento de impressão. Isso porque, também, as pessoas acreditam acreditam que seus posts expressam mais valores positivos do que seus amigos percebem. Isto é, em um mundo de
contato permanente, onde as pessoas formulam de forma rápida e duradoura as impressões sobre os outros, o resultado apresentado pelo artigo mostra que os usuários, agora mais do que nunca, precisam traçar uma linha tênue entre as impressões que transmitem e, inadvertidamente, emitem na construção da sua fachada.
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