quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FICHAMENTO - Social consequences of Internet use: Access, involvement, and interaction. (2002)

KATZ, J.; RICE, R. Social consequences of Internet use: Access, involvement, and interaction. Cambridge, MA: MIT Press. 2002, (p. 265 - 283)


POR VITOR TORRES


Sobre os Autores:

- James E. Katz é professor do Departamento de Comunicação da Rutgers University e diretor do Centro de Estudos de Comunicação Mobile.


- Ronald E. Rice é professor do Departamento de Comunicação da Rutgers University

O capítulo dá sequência na pesquisa sobre conseqüências sociais da internet relacionadas à auto-expressão (self-expression). Os autores irão explorar o argumento pós-moderno de que a internet permite a expressão de existências separadas de múltiplos aspectos do self e que, essas existências desencorpadas também permitem que o individuo escape do monitoramento político e social assim como das forças repressivas do governo e do comércio.


WHAT SELF?


Os autores pós-modernos Turkle e Stone criaram um contraponto entre a noção tradicional de self, usando a definição psicológica e a noção pós-moderna de self deslocalizado e não necessariamente corporificado. É comum que autores pós-modernos afirmem que o self é uma série de episódios não relacionados que se conectam com a sociedade apenas através de sanções de disciplina que limitam o self e o dominam politicamente.


NEGOTIATED AND PROGRAMMED ORDERS


Uma vez que o contexto vem antes do discurso ordenado, novos contextos mudam a maneira com que a ordem é construída e assim, podem levar a confusão. A maior parte dos habitantes da Internet está ciente dos indicadores de status. Pessoas que interagem em ambientes digitais são influenciadas por construções sociais pré-existentes de gênero, estruturas, programas, movimentos e formas de discurso, e por inspirações externas. Punday (2000, p. 194) chega a uma conclusão semelhante: "as práticas convencionais dão forma aos espaços não-corpóreos. Quando os indivíduos definem novas identidades em ambientes online, frequentemente se baseiam em estereótipos construídos no mundo real e aprendidos através dos media de massa".

BOUNDARY RENEGOTIATIONS

Outra maneira de determinar a fragmentação das atividades na Internet é pensar a Internet como um novo domínio social onde as fronteiras do mundo físico, ou as principais convenções, ainda não funcionam. Existem muitas maneiras de olhar para a questão das fronteiras. Neste capítulo os autores apresentam três: a fronteira entre social e técnico, onde a definição da tecnologia como um artefato vem antes de qualquer efeito social que ela possa ter, uma vez que a tecnologia é um efeito social nela mesma; a fronteira entre real e virtual; e a fronteira entre público e privado. Todas essas fronteiras estão incorporadas nos argumentos sobre o pós-moderno na Internet.
 

COUNTEREXAMPLES TO THE POSTMODERN ARGUMENT


A seção apresenta a visão dos autores sobre como a Internet funciona nos processos relativos à identidade social e ao anonimato.


The Internet Is the Panopticon: A descrição pós-moderna da Internet como um playground não leva em consideração o panóptico de Foucault - os mecanismos parasociais inuenciam o comportamenteo simplesmente pela possibilidade de ser observado. Os usuários da Internet encontram prospectos de micro-observação, os dados coletados não são nitos e estão disponíveis a qualquer momento. O que parece ser tecnicamente anônimo pode ser socialmente identicável. Isso leva à questão de o com que precisão os participantes denem os outros "tecnicamente anônimos". O anonimato cria a ilusão de privacidade e é uma armadilha de potencial ilimitado ao induzir pessoas a cruzar as fronteiras entre público e privado.


Implication of the Illusion of Anonymity: A Listserv Case: O pedido de desculpas sublinha a necessidade de se engajar em um comportamento social "normal" ao entender ações no ciberespaço como em qualquer outro domínio social. Os comportamentos tentam restaurar a autenticidade do TJ (pessoa 1) como pessoa sincera e virtuosa que quer compactuar com os códigos humanos, ele se expõe na lista e tenta recuperar sua reputação. Ele se oferece para ligar para as pessoas e pedir desculpas pessoalmente e informa seus numeros de telefone de casa e do trabalho. Amazon descobriou que as editoras postavam resenhas positivas dos livros e promoteu indicar a autoria de todas resenhas feitas por editoras. A diculdade real que os usuários da Internet encontram é que o efeito de ambiguidade nas fronteiras do mundo virtual afeta o mundo real. A vida cotidiana e as formas institucionalizadas de comunicaçãos tem uma audiência conhecida e tem regras tácitas para a condução da comunicação em um meio determinado, violar essas regras sempre foi a essência do humar de escritório.


THE PERSONAL HOMEPAGE AS PRESENTATION OF NA INTEGRATED SELF


As páginas pessoas são construídas como uma apresentação do self para uma interatores randômicos ou desconhecdos. Mais do que fragmentar o self, essas páginas são uma tentativa de integrar o indivíduo, fazer uma afirmação de identidade. De algum modo, as páginas são uma propaganda do self - curriculo, meio de reflexão, projeto de arte se misturam em uma apresentação do self mais integrado do que em qualquer outro meio.


The Ambuguous Boundary between Public and Private: Who Is the Audience? Em 1996, pesquisa de Wynn e Katz examinou 20 páginas de acordo com seu uso e significado. A maior parte das páginas parecia orientada a pequenos grupos - de trabalho, amigos, comunidade e apenas algumas dedicadas a uma audiência mais ampla. A falta de preocupação entre as fronteiras público e privada pode ser um aspecto da Internet. Diferente da vida cotidiana, o meio virtual tem padrões ambíguos, em parte pela falta de co-presença. Nele quem fala não pode mediar e ajustar a mensagem, verbal ou visual, ou evitar audiências indesejadas. Assim, sem co-presença ou audiêcia padrão como um indivíduo pode mensurar o que é correto ou normal?


Homepages as a Social Context: Apresenta no tópico uma das páginas estudadas em 1996. Site de Ted Kee, trabalha em laboratório de pesquisa em telecomunicações, mantém uma página incomum, mas não ofensiva, com referências a sua namorada, ex-colegas no MIT e outros interesses.


The Public and Private Boundary and the Professional and Personal Boundary: A página de Ted Kee é particularmente contemporânea, ele é aberto e engraçado. A página parece fora do contexto de um laboratório de telecomunicações onde está hospedada, uma vez que as empresas de telefone tem culturas corporativas formais no que diz respeito à auto-expressão. [trecho da página descreve uma guerra de cócegas ou alguma coisa assim. rs] O link para a página Cudlles (Carinho) indica um interesse mais leve, um lado mais divertido. É uma página que Ted visita, acha engraçado, mas não é o Ted. A página de Ted parece misturar as fronteiras. As páginas corporativas geralmente representam os padrões da empresa, ainda que a página represente o indivíduo. Outras páginas de funcionários da mesma empresa estavam mais de acordo com nossas expectativas (mais seriedade, informações sobre a família e interesses de pesquisa).


Distributed Contexts ans Contextualized Online Selves: Para entender melhor a página de Ted, os pesquisadores visitaram páginas de seus ex-colegas do MIT. Ainda que a página pareça fora do contexto em seu novo trabalho, ela mantém uma sincronia com o ambiente de Ted.


Ted mostra suas fontes para que os pesquisadores possam interpretar as fontes de influência em Ted. A riqueza de cada site linkado ao de Ted fala mais sobre ele do que ele poderia contar. Os pesquisadores veem nesse fenômeno mais força do que a descontextualização da identidade descrita por Stone e Turkle. O contexto social visto de forma ampla é uma fonte de dados primários mais completa do que a reconstrução da explicação de um indivíduo sobre si mesmo. Usando a ideia de self saturado de Gergen, um brownser tem acesso a um texto amplo e fica em posição de construir uma interpretação independente de quem criou a página. O que é o oposto da expectativa pós-moderna de que é o construtor da página que cria selves separados e diferentes.


Continuing Ambiguity of the Homepage: Pelo fato que as páginas são endereçadas a uma audiência desconhecida, elas apresentam questões não resolvidas em questões de segurança e privacidade. A pesquisa encontrou uma página de uma garota de 8 anos na Inglaterra, cheia de informações sobre sua casa, fotos, gravações de voz. Uma mãe solteira em Seattle descreve sua vizinhança e seu filho. Um dilema: saber das possibilidades negativas inibe a maioria dos usuários de inserir informações além daquelas mais formais. A promessa de um self mais amplo - menos formal e mais contextualizado - não acontece pela falta de diferenciação dos domínios sociais. As páginas são menos seletivas à audiêcia apenas porque qualquer pessoa tem acesso potencial a qualquer publicação. De forma alternativa, a página continua a ser uma fonte única para a metáfora arquitetônica pós-moderna: a mistura de estilos e características de conversações multiplas. Entretanto, o esforço de apresentar diversos aspectos da persona na página podem ser melhor entendidos como tentativas de primeiro, saturar os self e depois justapor as múltiplas identidades em uma arquitetura unificada de self.


CONCLUSÃO


Não há na internet de se ter um individuo separado de seu corpo físico, nem mesmo em seus múltiplos selfs. Os autores acreditam que o ciberespaço está se tornando uma syntopia, ou seja, um espaço que aponta para um futuro essencialmente idêntico ao presente.

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