quarta-feira, 23 de novembro de 2011

FICHAMENTO - Interação Social na Internet, Bem-estar Psicossocial e Uso Problemático de Internet.

Texto: CAPLAN, Scott; HIGH, Andrew. Interação Social na Internet, Bem-estar Psicossocial e Uso Problemático de Internet. In YOUNG, Kimberly; ABREU, Cristiano N. Dependência de Internet - Manual e Guia de Avaliação e Tratamento. Artmed, Porto Alegre, 2011 (p. 55 - 76)



POR LOUISE SOBRAL


Inicialmente os autores esclarecem o uso do termo (UPI) para se referirem ao uso problemático da internet, descrevendo uma síndrome de sintomas cognitivos e comportamentais que resultam em conseqüências sociais, acadêmicas e profissionais negativas. Desse modo, acreditam que o UPI é uma forma mais ampla de autorregulação deficiente que resulta em conseqüências negativas, muito mais que uma síndrome. Além disso, o termo pode está associado a outros exemplos de uso extremo, como: abuso de internet, dependência de internet, uso patológico de internet, uso excessivo de internet, uso compulsivo de internet e dependência de internet. O capítulo apresenta uma relação entre o UPI e as funções interpessoais na internet, já que a interação social na internet é diferente das conversas face a face e essa diferença pode ser extremamente tentadora para pessoas com UPI.

As pesquisas indicam uma associação positiva entre o UPI e o comportamento social na WEB, e também entre o UPI e problemas interpessoais como: deficiência de habilidades sociais, solidão e ansiedade social. De uma maneira geral, através de uma revisão de literatura há uma relação entre bem-estar mental e social, comportamento interpessoal na internet e UPI, que podem ser resumidas em 03 pontos: 1- ligação entre os usos interpessoais de internet e conseqüências problemáticas desse uso; 2- pessoas com problemas psicológicos são particularmente atraídas pelas características interpessoais do comportamento exibido quando estão conectadas; 3- alguns relatos ilustram uma associação entre dificuldades interpessoais e níveis de UPI, o que fornece uma comprovação da associação entre bem-estar, comportamento social na internet e UPI.

O que permite inferir que se por um lado são ampliadas as possibilidades das relações mediadas através das tecnologias de informação, por outro podem implicar em AI (abuso da internet) principalmente através de formas de interação simultâneas. O texto apresenta que os usuários dependentes passam a maior parte do tempo usando aplicativos de comunicação interpessoal simultâneos. Assim, a comunicação virtual, mais que outros aplicativos da internet, está relacionada a um aumento no uso compulsivo, pois as pessoas que relataram UPI parecem ser especialmente atraídas para as funções interpessoais da internet. As dificuldades psicossociais predispõem algumas pessoas a desenvolver uma preferência pela interação social na internet em comparação com o contato face a face, o que, por sua vez, leva à autorregulação deficiente do uso de internet e as conseqüências negativas.

Os estudos sugerem que as pessoas com problemas psicológicos e dificuldades sociais parecem ser atraídas para a interação social na internet. Há um modelo da teoria cognitivo-comportamental que procura explicar a etiologia, desenvolvimento e conseqüências associadas ao UPI, assim as cognições e o comportamento relacionados a internet que levam a resultados negativos são conseqüências, e não causas, de problemas psicossociais mais amplos: são os problemas psicossociais que predispõem os indivíduos a desenvolverem cognições desadaptativas que levam à autorregulação deficiente, o que resulta em conseqüências negativas associadas ao uso da internet. Assim, um dos sintomas cognitivos do UPI é a preferência por interações sociais virtuais em comparação com a interação social face a face.

Mas de fato quais são as diferenças entre a comunicação mediada pelo computador e a comunicação face a face que levam os indivíduos com deficiências psicossociais a apresentarem sintomas UPI? De modo geral, a maioria das teorias que reconhecem as diferenças entre contextos face a face e de comunicação mediada pelo computador adota pelo menos 02 paradigmas: 1-o paradigma dos estímulos filtrados – enfatiza as limitações do canal e afirma que a comunicação mediada pelo computador limita as informações que as pessoas obtem a partir de estímulos não verbais; 2- o paradigma dos estímulos incluídos – mais recente, afirma que a comunicação mediada pelo computador é um canal especialmente eficaz de comunicação interpessoal, exemplifica através das seguintes perspectivas teóricas: PIS – teoria do processamento da informação social- as pessoas se adaptam a falta de informações não verbais virtuais colocando mais peso no conteúdo, estilo e timing das mensagens verbais; ISED - o modelo de identidade social de efeitos de desindividuação- as pessoas se adaptam à falta de deixas não verbais virtuais; a perspectiva hiperpessoal - a interação virtual pode ser superior os intercâmbios face a face.


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