KATZ, J.; RICE, R. Social consequences of Internet use: Access, involvement, and interaction. Cambridge, MA: MIT Press. 2002, (p. 265 - 283)
BARNES, Susan. Presentation of Self: theory and methods. In BRAGA, A. (org.). CMC, Identidades e Gênero: teoria e método. Editora da UBI, Covilhã, 2005 (p. 59 - 88)
> As mensagens enviadas nos sites de conversa através da escrita de maneira coloquial da internet trarão alterações significativas à maneira de expressar a forma escrita tradicional (gramaticalmente acourada) de uma língua ?
> A possibilidade da apresentação de múltiplos "selves" na auto apresentação on-line, poderia trazer para as relações face a face elementos que desestabilizam a confiança?
> Barnes, afirma que Mead, ao desenvolver o que conhecemos hoje como interacionismo simbólico, diferenciava a relação entre homem e seu ambiente da relação entre animais e seu ambiente por um componente de 'consciência' - um componente simbólico. De acordo com essa perspectiva, mesmo que o homem seja "reduzido" a instintos - eventualmente, todo seu comportamento é necessariamente simbólico?
> Cavanagh, afirma que 'para termos visibilidade online', precisamos nos produzir como uma 'marca' facilmente reconhecível'. Podemos interpretar fenômenos como as representações sociais, processos de criação de esteriótipos e - mesmo - o gerenciamento de impressão como 'técnicas para a produção de uma imagem fácil' do eu? Mecanismos de entendimento, simplificação, que garantem a comunicação e a socialização?
> Katz traça uma crítica à ideia de anonimato, afirmando que este não é possível verdadeiramente quando nos referimos às representações online. Como podemos relacionar essa afirmação à quantidade de movimentos "grassroots" surgindo atualmente - #occupywallstr, eet, por exemplo, onde ninguém é identificado deliberadamente, porque não existem líderes? Ainda que se afirme que, in loco, a identidade é, num certo nível, revelada, como considerar verdadeira essa afirmação quando comunidades como a do 4chan se utilizam de um message board que sequer permite o login dos usuários, forçando-os a continuarem 'anonymous'?
> Barnes (2005) constrói seu texto a partir do pressuposto de que existe, efetivamente, uma separação entre vida online e vida offline. Diante disso, a autora credita ao ambiente digital o fato dos indivíduos se apresentarem aos outros, a partir de uma construção positiva de si mesmos. Mas, isso Goffman já afirmava nas suas discussões acerca das interações face a face. Esse não seria o próprio conceito de ‘fachada’? Independentemente das tecnologias digitais, os indivíduos, em geral, não tendem a ressaltar os aspectos positivos acerca de si? Nesse sentido, Barnes também entende a internet como um espaço imaginário, por conta da não-presença física e cita os exemplos dos games, nos quais os indivíduos comportam-se como se estivessem em disputas reais, inventando personagens e mundos imaginários. De novo, questionamos: e em jogos de outros tipos, isso também não acontece? O conceito de “presença” não deveria passar por uma “ressignificação”?
> Cavanagh (2007) discute a questão do anonimato e do voyeurismo - dentre uma série de elementos acerca da construção da identidade online – e afirma que, para além do fenômeno da exibição que assistimos na internet, o voyeurismo pode ser visto como um elemento marcante da trajetória contemporânea. Nesse sentido, ao associarmos tal reflexão à prática de acesso aos sites de vídeos pornográficos amadores, por exemplo, problematizamos: a ênfase da discussão não deveria centrar-se, efetivamente, na prática do exibicionismo e do anonimato, ao invés de se analisar tanto o espectador-voyeur?
> Em quais aspectos podemos dizer que as lógicas de funcionamento dos sistemas de reputação online informais, a exemplo das redes sociais, são diferentes de outros espaços de interação? Se admitimos que as variáveis técnicas dos ambientes digitais trazem a tona novas possibilidades para as dinâmicas sociais, podemos considerar que a busca por audiência nos ambientes digitais é um processo no qual as identidades se reconstroem no ato memo da implementação de estratégias para o self presentation?
> O culto às celebridades não seria uma forma de se apropriar de um modelo de self alheio, supostamente mais estável, mesmo que fabricado pela industria cultural? Concordando com a afirmação de que a ordem social precede e condiciona os rituais de interação, a valorização das celebridades parece se tornar um valor social que modela as interações. A preservação da intimidade ou a "estabilidade" do self já não foram valorizados de forma mais hegemônica no passado recente, estabilidade inscrita na ordem social vigente no inicio do séc XIX, por exemplo?
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