quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Questões desenvolvidas pelos alunos relacionadas aos textos:

BAKER, Andrea. Down The Rabbit Hole: The Role of Place in the Initiation and Development of Online Relationships. In BARAK, Azy. Psychological Aspects of Cyberspace - Theory, Research,


BARNES, Susan. Computer-mediated communication: Human-to-human communication across the internet. Boston, MA: Pearson Education, Inc. 2003 (p. 136 a 159)



> Como a conversa online por vídeo em tempo real altera o processo de gerenciamento de impressão e de apresentação pessoal para o outro?


> Qual o papel da desconfiança na comunicação mediada por computador?


> Para Susan Barnes, no contexto da internet, as pessoas possuem oportunidade de criar versões idealizadas de si ou podem ainda, fabricar 'personas' novas complementares. A despeito de admitirmos que é possível que as estratégias para gerenciamento de impressão em contextos on line e off line possam ser em alguns momentos diferentes, é possível admitir que apenas nos contextos digitais as oportunidades de criar versões de si e novas 'personas' fabricadas é possível? Não estendemos as práticas e estratégias de gerenciamento de impressão experenciadas em contextos de co-presença física aos ambientes digitais? Existem fronteiras entre estas duas dimensões?


> É possível pensar em estratégias distintas de gerenciamento de impressões quando nos referimos aos contextos online e offline?


> As mensagens não-direcionadas existentes nas redes sociais atuais influenciam de que forma no grau de reciprocidade?


> A relação online permite ao usuário/interactante ampliar os mecanismos de defesa em relação a auto-estima?


> Sendo o estabelecimento ou a manutenção das relações humanas a primária motivação para a utilização da internet e sendo o uso de drogas, dentre diversas razões, motivado pela sensação de prazer e possibilidade de compartilhamento em ato, pessoalmente, a primeira afirmativa estaria em razão da produção da segunda, para usuários de drogas? A segunda seria a motivação da primeira?


> No mundo virtual, dentre outras variáveis, o texto produzido durante as interações determinam o grau de sucesso ou fracasso de um início de relacionamento ou continuidade deste. Poderíamos supor que está havendo uma mudança de paradigma sobre os elementos disparadores de interesse entre pares amorosos? A atração física, cheiro, tato etc estariam cedendo lugar para preferências, interesses e afinidades intelectuais?


> O gerenciamento de impressões no mundo virtual se dá, basicamente, através da linguagem escrita o que proporciona um maior controle e menor espontaneidade por parte dos interatores. Qual o grau de efetividade de relações que são resultantes das projeções individuais?


> Segundo Susan Barnes, as pessoas prefeririam comunicação mediada à comunicação face-a-face, porque poderiam controlar mais efetivamente as impressões causadas nos outros. Ou seja, mostraria mais o self "que gostaria de ser". De alguma forma isso não acabaria prejudicando as interações face-to-face, na medida que esses indivíduos poderiam começar a evitar encontros, mantendo apenas a comunicação mediada quando tivessem que lidar com questões, divergências, problemas?


> Os adolescentes ao se relacionarem mais de forma mediada, não estariam ficando despreparados para encarar as situações face-to-face? E com isso, na fase adulta, iriam preferir resolver os problemas de relacionamento com interações on-line?


> como investigar a sociabilidade e a produção de subjetividades nas interações online já prevendo a perenidade de dispositivos e serviços, ao mesmo tempo em que tentamos descrever suas singularidades no presente?


> A autora conceitua "lugar" como o espaço no qual duas pessoas se encontram no ciberespaço ou aquele lugar no qual estas pessoas se encontram na esfera offline. Sendo assim, como pensar o conceito de lugar quando as duas esferas (offline e online) já não podem ser separadas? No entanto, no caso dos encontros amorosos, como é o objeto de análise do artigo, é possível pensar a comunicação a partir deste conceito de ubiquidade?


> No contexto das mídias sociais, de que forma é possível perceber diferenças nas expectativas dos indivíduos que interagem online quando o lugar da interação dentro do ciberespaço é modificado, isto é, há diferenças nas estratégias de gerenciamento de impressão e de representação do self em locais diferenciados?


> Como pensar estas diferenças na representação do self em lugares (mídias sociais) diferentes, quando muitos destes ambientes são conectados uns aos outros e permitem igual postagem de conteúdo?


FICHAMENTO – NA TOCA DO COELHO: O PAPEL DO LUGAR NA INICIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE RELACIONAMENTOS ON-LINE.


FICHAMENTO REALIZADO POR ZÉLIA QUADROS


Sobre o autor: ANDREA J. BAKER é professora de sociologia da Ohio University. Ela estudou as relações on-line desde 1997, coletando dados para o seu trabalho de 1998, Casais no Ciberespaço Encontrando Romance “On-line” e Então Se Encontrando pela Primeira Vez na Vida Real. É autora de “Double Click”: Romance e Compromisso de Casais Online, sobre 89 casais que se reuniram em salas de chat, fóruns e sites de namoro. Seus interesses incluem comunicação on-line e comunidades virtuais.

Objetivos do capítulo:

O capítulo inicia examinando dado relevante da literatura sobre relacionamentos online e com uma análise exploratória de como o lugar está relacionado à atração inicial e posterior compromisso em relacionamentos românticos no ciberespaço. Levando em consideração as experiências de Alice no país das maravilhas onde ela encontrou diversas situações as quais teve de se ajustar, as pessoas tem comparado o “ciberespaço” ao mundo encontrado através do espelho, a realidade virtual do outro lado contrastada ao mundo físico diário. Este capítulo aborda duas perguntas: Primeira - Como é que o lugar ou espaço online específico em que um par romântico se encontra, pode influenciar o curso da relação, especialmente nos estágios iniciais? Segunda - Como é que o timing, o ritmo do relacionamento dos membros do casal, a interação com o espaço pode afetar o desenvolvimento da parceria do casal em potencial?

Argumentação Central:

As pessoas desenvolvem fortes sentimentos umas para com as outras no ciberespaço, desde relacionamentos ocasionais até amizades próximas, e parcerias intimas que as vezes culminavam em casamentos. Estas conexões tem início no mundo virtual, sem os dois fatores anteriormente considerados como essenciais para a ligação interpessoal: atração física e proximidade espacial. Pesquisadores de relacionamentos on-line reconhecem que estas pessoas freqüentemente “sentiam como se conhecessem bem um ao outro “(Walter&Parks,2002,p.549) antes de se encontrarem offline (Baker,1998). Os pesquisadores diferenciaram modos de relacionamentos dentro do ciberespaço tais como o uso de mídias de tempo real, sincrônica ou assíncrona. Eles começaram a realçar as diferenças nos tipos de espaços, ou configurações online.

- Lugar Online e Offline: Atração no Ciberespaço versus na Vida real - Atração física e proximidade espacial não parecem fatores muito importantes na formação de relações íntimas online. Algumas pessoas se comunicam por vídeo ou webcams, apesar de quase ninguém da base de dados primários do autor assim o fez, e o vídeo foi usado ​​ raramente. Mesmo ao apresentar fotografias ou avatares, o processo de se familiarizar com alguém começa em um plano virtual, ou não física online, deixando a escolha de se encontrar pessoalmente para mais tarde, depois de avaliar o que já é conhecido através de informações fornecidas online. Sem tanta ênfase na aparência física, as obrigações no ciberespaço muitas vezes começam com a auto-revelação mútua e o relacionamento é iniciado com base na similaridade dos indivíduos. Isto não quer dizer que a dimensão da atração física não é importante. Na sua ausência, o casal normalmente pode não continuar o relacionamento. Na Internet, as pessoas podem procurar conhecer primeiro os outros, e depois decidir se quer conhecer, e não o inverso como no espaço físico. (Rheingold, 1993, p. 26). A atração começa online, muitas vezes através da palavra escrita ou uma combinação de representação pictórica e textual em vez de simplesmente uma presença física. O "click" de compatibilidade vem através de conexão em um lugar on-line e, em seguida, comunicada através de texto e, freqüentemente, pela voz antes da reunião face-a-face (F2F).

-Interesses comuns e Similaridade no Ciberespaço - Propinquity ou proximidade on-line significa que duas pessoas vieram a se encontrar na mesma área on-line, quer jogando um jogo, discutindo um programa de televisão, ou fazendo a triagem através de perfis em um site namoro. Eles sinalizam um objetivo semelhante, se socializar, para coletar informações, ou para buscar entretenimento. Dependendo do tipo de site, eles muitas vezes anunciam a sua disponibilidade para os relacionamentos, seja diretamente em um anúncio de site de namoro, ou mais indiretamente com referências aos cônjuges ou relacionamentos significantes.

-Local Online: Sites de relacionamento Versus Comunidades Online - Dois principais tipos de lugares online para as pessoas formarem relacionamentos, incluem os sites de namoro online, e outros lugares, tais como fóruns de discussão, chats, servidores de lista de e-mail , sites de redes sociais, jogos e mundos virtuais. Estes tipos de sites que não os de serviços de namoro são agrupados aqui e chamados de comunidades on-line, ou comunidades virtuais (VCs). Pessoas que visitam sites de namoro online têm objetivos diferentes, pelo menos num primeiro momento, do que aqueles em outros sites. Os sites também diferem na forma como muitas pessoas tendem a estabelecer relações off-line com o outro. Finalmente, a dinâmica da formação de relacionamentos nos dois tipos de sites são discutidos neste trabalho.

-Metas de Lugares on-line e Participantes – Os objetivos das pessoas que buscam intimidade on-line podem variar do desejo de um encontro casual, de qualquer convivência breve ou contato sexual até o de um relacionamento, tão profundo quanto o casamento ou parceria ao longo da vida. Pesquisadores examinaram membros de um site de namoro e identificaram outros objetivos entre casuais, relacionamentos íntimos sérios, e encontro de amigos online (Gibbs, Ellison, eHeino, 2006). Eles descobriram em seu estudo que a maioria das pessoas são compatíveis. Nenhum dos "objetivos iniciais” dos parceiros impedia a construção de um relacionamento em longo prazo.

-Tipos de locais e freqüência das relações pessoais - Os pesquisadores descobriram que a maioria dos relacionamentos em formação progrediram para outro canal de comunicação fora do grupo, incluindo telefone e correio tradicional.

- O processo de iniciar relacionamentos em sites de namoro e VCs-O – O processo que ocorre na identificação e contato com potenciais parceiros online difere daqueles que se encontram em sites de namoro on-line (DSS) em oposição à aqueles que se reúnem em comunidades on-line (Baker, 2005) ou VCs. Neste capítulo, os dois termos, a comunidade on-line e a comunidade virtual são usados ​​como sinônimos, os grupos sociais para significar pessoas interagindo através da Internet.

- Tipos de Lugares: Características Técnicas - Alguns sites obrigam ou encorajam os avatares, representations visuais do self criados pelos usuários que acompanham um nome online. Dependendo do local, avatares podem incluir figuras de desenho animado ou fotos. Características técnicas dos locais podem influenciar os resultados da interação, em que a disponibilidade de fotos, os mecanismos de bate-papo, e mais recentemente webcams e gravações de voz podem incentivar autenticidade. Pessoas com a intenção de contornar a honestidade, entretanto, podem inventar identidades completamente falsas, uma prática muito menos comum do que as contas populares mostram.

- Lugares para se Encontrar Online e Offline: Distância Geográfica - Sempre que as pessoas se encontram online, se eles gostam um do outro, eles podem querer encontrar-se pessoalmente, ou offline. Deixando de lado o "relacionamento exclusivamente baseado na Internet" (Wright, 2004), namorados on-line ou amigos que desejem aprofundar as suas ligações, muitas vezes desejam encontrar a pessoa "pessoalmente, em carne e osso". Os primeiros aficionados ao computador contrastaram o mundo virtual com o espaço físico off-line chamando o mundo offline de "a vida real."

- Lugar de encontro Online e local de residência dos parceiros - No site de namoro, a importância do lugar supera muitos outros fatores, talvez seguindo-se a aparência e idade para pessoas que não irão viajar para conhecer o outro. No local, os parceiros podem pré-limitar qual a extensão de distância de sua busca. Superar as distâncias em vários estágios dos relacionamentos pode envolver modos de comunicação on-line e, em seguida, chamadas de longa distância ao telefone. Com a disponibilidade do celular ou planos de telefonia móvel e serviços online para distância como o Skype, o custo financeiro pode ter sido diminuído em relação ao passado. Em algum ponto, os parceiros têm que decidir quem vai viajar para encontrar o outro e quando eles se encontrarão offline.

- Encontros Ofine: Escolhendo o lugar - Pessoas envolvidas em relacionamentos geralmente chegam a um momento onde desejam encontrar-se pessoalmente, para ver se as ligações que têm explorado continuarão offline. Eles querem especialmente saber se eles "clique" na vida real da mesma maneira que online. Além de decidir qual o modo em que eles preferem para a communication, o casal escolhe onde encontrar-se offline.

- A intersecção de lugar e tempo: Duas dimensões das relações online - Apesar de a cronometragem poder ser objeto de um outro artigo, aqui discute-se no que se refere aos lugares as pessoas se encontram online e offline.Tempo e lugarr interagem em um número de maneiras diferentes para desenvolver ou retardar a relação online. Neste capítulo, "timing" significa a seqüência e duração de eventos no processo de comunicação online e offline. O conceito de “timing” engloba decisões sobre quando avançar e quando fazer a ligação através de vários meios de comunicação. Tempo também se refere ao método de comunicação e se as pessoas interagem em tempo real como se fossem co-presentes no espaço, ou em modo de resposta atrazado.

- Comunicação Sincronica versus Assincronica e lugar Online - Alguns espaços on-line são salas de chat, permitindo aos participantes que escrevam em tempo real. Alguns lugares contêm apenas as opções assíncronas, como postagem em fóruns de discussão, ou enviar e-mail. Se um casal se encontra, pesquisando perfis, ou discutindo questões em um fórum online, eles podem decidir ficar em contato através de e-mail, que permite o pensamento e revisão, ao contrário dos meios de comunicação em tempo real. De importância crucial é que os dois devem chegar a acordo sobre o melhor modo de comunicação a ser usado para desenvolver seu relacionamento.

- Local e Decepção: A apresentação do self online – O processo de identidade revelado normalmente segue um caminho de on-site, e-mail para e-mail pessoal, para o número de telefone, antes de conhecer pessoalmente. As duas pessoas controlam o fluxo de informações. Quando as pessoas querem conhecer uns aos outros mais do que casualmente, a questão da honestidade aumenta em importância. Após entrar em qualquer site, uma pessoa pode decidir qual o nível de honestidade para ele ou ela dentro dos parâmetros técnicos e as normas do site, juntamente com uma preferência pessoal dentro dessas restrições.

Conclusões:

Tempo, Lugar, e Resultado: Uma nota conclusiva sobre o sucesso de relacionamentos on-line

Examinar o tipo de lugar onde as pessoas se encontram on-line e off-line, então, é crucial no entendimento da dinâmica dos relacionamentos online. Pessoas que se reúnem em VCs e nas suas casas off-line parecem ter uma melhor chance de sucesso global do que outros. Num casal, cada um escolhe a forma de apresentar-se online, ou auto-apresentação. Habilidades de comunicação e modos de determinar como o casal reage encontrando-se mutuamente online em um determinado tipo de lugar, e como as duas pessoas podem superar quaisquer obstáculos, tais como distância, finanças e outros relações para decidir sobre um local de encontro offline. Decisões sobre como apresentar-se para a outra envolvem escolhas sobre a honestidade de cada um. A comunicação afeta o tempo ou ritmo de pensamentos compartilhados, sentimentos, circulação e para o próximo nível de compromisso em continuar ou interromper o relacionamento. A comunicação textual do casal é o produto de sua interação online. Constitui a totalidade do relacionamento online. Os detalhes dos tipos de lugares em linha examinadas aqui, juntamente com as relações de aspectos de tempo para colocar, pode ajudar futuros pesquisadores especificar padrões e problemas no desenvolvimento dos relacionamentos online. Seja em sites de namoro ou comunidades virtuais, o número de pessoas formando parcerias íntimas continua a crescer em todo o mundo (ver Barak, 2007). Pesquisadores podem complementar e informar-se mutuamente de trabalho, afirmando não só "Quem" eles estão estudando, mas "onde" as pessoas têm encontrado seus parceiros on-line e como esse lugar faz uma diferença para o processo de relacionamento.

FICHAMENTO - INTERNET INTERPESONAL RELATIONSHIPS

BARNES, Susan. Computer-mediated communication: Human-to-Human communication across the internet. Boston, MA: Pearson Education, Inc. 2003 (p. 136 a 159)



FICHAMENTO REALIZADO POR THAIS MIRANDA



Sobre a autora: Suzan B. Barnes é professora da College of Liberal Arts e dirige o Laboratório de Computação Social (Lab for Social Computing) do Rochester Institute of Technology – RIT, em Nova York, EUA. Nos últimos quinze anos, Barnes dedica-se a pesquisas que envolvam relações interpessoais na internet, mídias sociais, comunicação visual e temas afins. Interessa-se, especialmente, por investigar como as tecnologias digitais fazem como que os indivíduos compartilhem, uns com os outros, pensamentos, ideias, fotografias e sentimentos. Barnes é autora de diversos artigos e dos seguintes livros: Computer-Mediated-Communication: Human-to-Human Communication Across the Internet (Allyn & Bacon, 2003); Web Research: Selecting, Evaluating & Citing with M. L. Radford & L.R. Barr (Allyn & Bacon, 2002) e Internet Interpersonal Communication (Hampton Press, 2001).


Objetivos do capítulo: Discutir e analisar as relações interpessoais na Internet, a partir das seguintes questões: (1) Razões que levam as pessoas a se envolverem em relações pela Internet; (2) Relações de intimidade, sociais e profissionais; (3) Critérios de análise para estudar relacionamentos na Internet e; (4) Gerenciamento de Impressões e construção das relações online.


Argumentação Central:

Motivos para as interações online

Para a autora, as pessoas usam a Internet devido a três razões principais: (1) comunicação interpessoal, (2) busca de informações e (3) diversão/entretenimento.


Entretanto, Barnes argumenta que o uso da Internet para a manutenção ou construção de relacionamentos (pessoais ou profissionais) é a motivação principal dos indivíduos. Dentre as razões citadas, a autora destaca também o surgimento dos chamados “grupos de apoio” (support groups), em que as pessoas trocam, através da Internet, informações sobre problemas de saúde, familiares e emocionais.


O uso social da Internet é um aspecto ressaltado por Barnes.


Para ela, existem diversas razões (sociais) que levam os usuários a trocarem mensagens na rede: compartilhamento de informações, engajamento em debates online, perguntas e respostas, flertes, contatos sociais, jogos e defesa de posições políticas. A busca por prazer e satisfação pessoal aparece como o motivo principal de acesso à Rede, em estudo realizado com cem pessoas, em Pittsburgh, pela HomeNet Study.


Relacionamentos Online

Segundo a autora, de maneira parecida com o contexto face a face, a comunicação mediada por computadores (CMC) permite que duas pessoas desenvolvam um relacionamento online. E-mail, chat e mensagens instantâneas são as ferramentas destacadas, com tal objetivo.


Barnes cita um estudo realizado por Parks e Floyd (1996), cuja conclusão é que o motivo comum para se iniciar relacionamentos online é a busca por pessoas do sexo oposto.


Nesse sentido, ao discutir as relações de intimidade, Barnes destaca a popularidade dos sites direcionados aos “encontros virtuais” e afirma que transformar relacionamentos da Internet em relações “reais” pode ser difícil, já que as imagens românticas criadas na Internet podem ser construídas mais com base em fantasias, do que em realidade.


Outra questão apontada é que os “encontros online” podem ser uma forma de conhecer melhor as pessoas: a eliminação de aparência física e de gestos contribui para um melhor aprendizado dos pensamentos e interesses mais profundos do parceiro. As duas vantagens desse tipo de relacionamento, destacadas pela autora, são: (1) possibilidade de construir relações ao longo do tempo, com mais tempo e (2) a eliminação de informações não-verbais disruptivas. A desvantagem seria, por outro lado, a decepção advinda pelas falsas descrições.


Ainda sobre as relações de intimidade, Barnes enfatiza o cibersexo como a interação online mais íntima de todas, definindo-a como uma troca de mensagens sobre sexo, através da Internet. Para a autora, a maioria das pessoas pratica cibersexo por diversão, não usam seus nomes reais e a troca inocente de fantasias pode levar a relações mais sérias. Para além das trocas de mensagens sobre sexo, Barnes afirma que as pessoas revelam informações sexuais, de maneira explícita, na Internet.


Um estudo realizado por Witmer (1997) revela que os usuários não acreditam que mensagens sexuais trocadas na Rede podem afetar suas carreiras e se sentem seguros postando informações “arriscadas”. 47% dos participantes percebem a Internet como um meio privado.


Barnes conclui alertando que os usuários desse tipo de prática precisam estar atentos para o fato de que as mensagens trocadas ali podem ser acessadas por terceiros, como sistemas administrativos, por exemplo.


Sobre os relacionamentos sociais, o texto destaca que a CMC está se tornando uma outra forma de encontrar pessoas, fazer amigos e interagir socialmente. As comunidades virtuais são enfatizadas pela sua capacidade de proporcionar encontros entre pessoas com interesses afins e, com frequência, amizades se constituem a partir dali.


Segundo a autora, uma vantagem desse tipo de comunidade é a possibilidade das pessoas manterem suas conexões, mesmo que mudem de emprego ou para cidades diferentes.


Quanto às relações em ambientes de trabalho (task-oriented relationships), é destacado o uso do e-mail como ferramenta principal de comunicação organizacional. A autora apresenta resultados de uma pesquisa realizada por Rice e Love (1987), em que foi examinado o conteúdo dos e-mails, nesses ambientes. A conclusão foi a de que existe um conteúdo socioemocional nessas mensagens, especialmente naquelas elaboradas por usuários habituados à CMC.


Desenvolvimento de Relações Online

No que diz respeito às constituições dos relacionamentos online, Barnes afirma que, diferentemente das relações face a face, que se desenvolvem mais por conta da proximidade e atração, os relacionamentos online partem de interesses comuns. Além disso, a autora pontua que alguns estudos indicam que, nas relações online, as pessoas tendem a ser mais estruturadas e organizadas, bem como menos espontâneas. Pesquisa feita por Wallace (1999) mostra que na rede, os indivíduos tendem a ser menos performáticos, no que se refere às pequenas civilidades das interações face a face. O fracasso da civilização digital impulsiona, segundo a autora, o comportamento conhecido como “flaming” – falar negativamente e continuamente sobre alguém ou sobre algum assunto. Como forma de evitar o flaming, Barnes sugere que os indivíduos evitem os conflitos, ou os conduzam com palavras pouco agressivas, já que estas, bem como o estilo de escrever de cada um, são importantes estratégias de apresentação online.


Critérios/Métodos para análise das relações interpessoais mediadas por computador


Barnes explica que o método de análise da retórica pode ser aplicado nas relações interpessoais digitais, já que, efetivamente, é através das palavras que estas são construídas. Para a autora, estudar as relações interpessoais na internet é mais fácil do que investigar as relações face a face, porque naquelas é possível fazer um registro e posteriormente analisá-las, em detalhes. Em resumo, os seis critérios apontados pela autora, que podem ser utilizados nas análises retóricas das interações online são: (1) experiência comum compartilhada, (2) segurança e satisfação, (3) entendendo o outro, (4) performance, (5) reciprocidade e (6) benefícios.


Um outro elemento trazido pela autora é que as relações online demoram mais para serem construídas (relationship built over time) do que as face a face, já que o “tempo real” de trocas de e-mails é mais lento que o tempo das interações mediante presença física. Esse aspecto, dentre outros, faz parte daquilo que Barnes denomina como


Processamento de Informação Social (Social Information Processing- SIP).


Já mencionando os seis critérios citados anteriormente, a autora enfatiza que para que um relacionamento se estabeleça, através da experiência compartilhada, é preciso que as partes envolvidas compreendam o contexto em que estão inseridas. Segundo ela, quando as relações do tipo CMC são estabelecidas como um complemento das relações face a face, normalmente isso acontece com facilidade.


Entretanto, quando um indivíduo ingressa numa lista de discussão, por exemplo, ele pode não entender seu funcionamento e dificultar a construção da relação.


Sobre a segurança nas relações online, Barnes reitera a importância das partes sentirem-se seguras naquele relacionamento. Além disso, por conta do caráter interativo do meio, segundo a autora, esse tipo de relação fornece uma satisfação aos indivíduos porque personaliza as informações, gerando uma sensação de presença social.


Apesar da confusão sobre a questão do que é público e do que é privado, ainda assim as relações online promovem satisfação pessoal, já que indivíduos mais reticentes costumam sentir-se mais seguros para expressar aquilo que sentem.


Diferentemente dos encontros face a face, nas relações online as pessoas não conseguem, com facilidade, se colocar no lugar do outro e a “primeira impressão”, na Internet, pode ser errônea. Barnes ressalta que as interações não são espontâneas e que as pessoas podem, cuidadosamente, articular as mensagens de forma a criar a “impressão adequada”. Logo, a criação de papeis/performance (role play) é importante no desenvolvimento dessas relações. Barnes afirma que papeis criados nas relações face a face são comumente transferidos para as relações online. Entretanto, também se faz necessário comunicar, claramente, os papeis assumidos.


Sobre a reciprocidade, elemento indispensável nas relações online e offline, Barnes explica que responder às mensagens é o primeiro passo para a construção das relações na Internet. Nesse sentido, a autora explica que quando um interator faz um comentário constrangedor, muitas pessoas costumam responder com o silêncio.


Ignorar comentários é uma maneira fácil de lidar com mensagens e comportamentos inapropriados. Entretanto, o silêncio pode ser usado como uma estratégia de “evitação”.


Não responder às mensagens pode levar ao fim das relações online.


Modelo de Gerenciamento de Impressão – CMC

Barnes apresenta um modelo de gerenciamento de impressão para a CMC, proposto por O´Sullivan (2000).


Segundo este modelo, que incorpora elementos do interacionismo simbólico e da teoria da “representação do eu”, trazida por Goffman, os canais de comunicação mediada são usados como ferramentas de gerenciamento das informações relevantes que os indivíduos desejam apresentar, acerca deles próprios. Nesse sentido, os indivíduos desenvolvem estratégias de comunicação para gerenciar as suas maneiras de se mostrar para os parceiros-interatores. A falta de aspectos/informações visuais, nesse caso, pode ser vista com uma oportunidade de regulação das informações entre as partes. Novos elementos, entretanto, são incorporados ao modelo, tais como os aspectos gráficos em geral, estilo de escrever e o uso dos acrônimos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Questões desenvolvidas pelos alunos relacionadas aos textos:

CREEBER, Glen; MARTIN, Royston. Digital Cultures -Understanding New Media. Open University Press -McGraw-Hill Education, 2009. (p. 11 - 29; p. 30 - 45)


> De acordo com Souza e Silva (2006 apud BELL, 2009) as novas tecnologias recriam os espaços urbanos como ambientes multiuso. Assim, as cidades contemporâneas são marcadas pelo grande fluxo de informação, mediado em partes, pelas tecnologias digitais de produção e distribuição. O uso dessas tecnologias pode contribuir com a ideia de uma possível dissolução de fronteiras, na qual as relações geográficas perdem importância se comparadas a interconexão de mercados e pessoas através de redes de comunicação digitais?

> Estudar esses ambientes sem fronteiras/limites faz surgir duas questões: numa ponta, pensando no usuário, como o indivíduo que utiliza, por exemplo, sites de redes sociais, pode se "apoiar" para definir seu modo de representação identitária? Na outra ponta, focando no pesquisador, como limitar um universo numa investigação?

> Creeber enumera que alguns críticos da pós-modernidade argumentam que é quase impossível distinguir entre a imagem da mídia e a imagem real. Essa integralidade sustenta a perspectiva de Goffman de Self Público?


> Como explicar o conceito de Baudrillard (1994), em que a cópia simulada muitas vezes supera o objeto real (Simulacro de Terceira Ordem) dentro da perspectiva das Interações Sociais proposta por Mead?


> No Case Study “Digital Aesthetics”, o autor anuncia que o objetivo do texto é problematizar a existência de uma estética digital. Embora na conclusão ele afirme que não exista uma única estética da cultura digital, assim, de forma tão ampla - o que nós tendemos a concordar -, ele pontua que “aquilo que não podemos ver é a parte mais significativa da estética digital”. Nesse sentido, questionamos: os sites de vídeos pornográficos amadores, por exemplo, não seriam emblemáticos de um tipo de estética digital em que o “poder ver” é um forte elemento (contrapondo, portanto, o argumento do autor)?


> No texto “On the Net: Navigating the World Wide Web”, David Bell menciona algumas transformações advindas do uso da Internet. Entretanto, na página 35, o autor menciona que as plataformas alteraram a noção de quem produz e de quem consome, “criando um universo paralelo”. Perguntamos: há mesmo um universo paralelo, ou - pelo contrário -, estamos num único universo, um universo marcado por traços fortemente digitais?


> Levando em consideração a afirmativa de que "a partir das transformações tecnológicas e culturais, o ser humano poderia entender o dilema ético e político da sociedade contemporânea..."(Holmes 1997:1), pergunto: Estas mesmas transformações, aliadas à velocidade e multiplicidade das interações digitais e das múltiplas identidades virtuais não trazem também novos dilemas?


> O aspecto simbólico e experiencial na forma de entender, produzir comunicação e interagir socialmente através dos artefatos tecnológicos, leva os indivíduos ao sentimento de poder e controle ?


> Ao mesmo tempo em que temos uma noção cada vez mais complexa de self (multifacetado, diverso, variante), todas estas derivações ocorrem sobre o mesmo corpo e ocorrem a partir do mesmo "self" como sujeito. Se no pós-modernismo entendemos que não há self autentico (essencial, a ser preservado...) podemos também considerar que estas variações estarão sempre compondo novas figuras para o self. Não podemos dizer que há, na combinação individual de variações comportamentais e de acumulo de experiências de fachadas assumidas, uma singularidade? Singularidade não como o "essencial" mas como combinação única?


> Ao mesmo tempo, precisamos admitir que efetivamente ha um processo de massificação dos elementos culturais disponíveis. A forma como produzimos sentidos a partir dos elementos disponíveis sempre estará aberta à inovações, mesmo que se massifiquem também os modelos interpretativos hegemônicos?


> Como apontado no texto, não podemos deixar de considerar que a Internet (e as mídias digitais) é antes de tudo um dispositivo de controle, de padrões e protocolos. Ao mesmo tempo em que permite a expressão da diversidade e liberdades jamais possíveis nas "velhas mídias", as novas mídias ilustram o que Deleuze chama de sociedade de controle, com dispositivos que configuram as condições de possibilidade do dizível e do visível, participando diretamente na produção das subjetividades. A exemplo do perigo dos filtros-bolha (apresentado por Eli Pasier no Ted Talks) e da ameaça da quebra da neutralidade da rede no âmbito técnico, não merece nossa atenção os dispositivos que atuam na padronização e modulação de valores, princípios e esquemas ?. Pensar a emancipação digital passará cada vez mais pelos manejos e desvios dos mecanismos de controle para manter aberto o espaço de liberdade e singularidades?


> Poderíamos arriscar dizer que presenciamos um Gerenciamento de Impressões de segundo nível, cada vez menos individual, e cada vez mais guiado pelas corporações e seus sistemas automatizados que controlam a rede como sugerem os pós-estruturalistas?


> A representação numérica, como característica estética digital, gera repercussões no self? Mecanismos de comparação mais rígidos e matemáticos, baseados nesta característica, estariam mais frequentes?


> Quais as relações do aprendizado da produção colaborativa em ambientes auto-regulados como a Wikipedia e do aprendizado de processos sociais mais amplos como política e economia?


> Segundo os críticos pós-modernos, não mais se distingue o virtual do real, o público do privado, a máquina do humano. A realidade seria nada mais que uma construção feita a partir da linguagem e da narrativa que o indivíduo faz. Onde fica o corpo físico? Como o corpo é tratado por esses novos paradigmas? (Estas perguntas talvez reflitam o uso de uma lógica de tempo-espaço antiga para tentar “driblar” o incômodo da sensação de que nos tornamos apenas “palavras” num “não-espaço”.....)


> O mundo virtual permite que o indivíduo crie e adote identidades diversas conforme os ambientes que interage. Quais as implicações disso para a saúde mental? As novas mídias seriam psicotizadoras?


> As novas mídias seriam agregadoras identitárias?


> As fronteiras entre o patológico e a normalidade instituídos socialmente estariam mais fluidas ou teriam outras conformações a partir da vida virtual/digital?


> Como o consumo de drogas enquanto consumo estimulado/influenciado pela pós-modernidade teria interferência em sua expressão de fenômeno social a partir das novas mídias?


> Os direitos humanos, as referências de democratização, o exercício da cidadania, enquanto novos conceitos polemizados e dimensionados pela pós moderna vida das novas mídias e redes sociais transformariam quais aspectos da socialização humana atual?

FICHAMENTO - BELL, D. "On the net: navigating the world wide web" in "Digital Cultures - Understanding New Media".


POR ELVA VALLE



"Mais do que qualquer outra Nova Mídia, a internet representa a idéia de mudança e novidade na cultura contemporânea" (Marshall 2004)


O capítulo objetiva explorar de forma abrangente a internet e o World Wide Web como fenômeno sócio-técnico para entender a Nova Mídia (NM).


Telas, redes e webs


A internet é melhor pensada como uma interconectada, rede global de computadores (e aparelhos computacionais). Ela não é apenas computadores e linhas de telefone, é também software, em particular protocolos (TCP, FTP, HTTP e IP) que permite a informação passar pela rede, sendo enviada e recebida “no momento certo, no lugar certo, e do jeito certo”. O software é também presente na internet em termos de interface na tela do computador, que visualiza a internet de maneiras particulares (texto, som, imagens estáticas e em movimento etc.). A internet é também imaginária, um espaço imaginário preenchido com idéias e experiências, medo e excitação, banalidade e imaginação.


Origem: foi desenvolvida por Tim Berners-Lee para resolver problemas de troca de informações entre cientistas. A data de nascimento da WWW é 6/08/1991. A internet é também uma maneira de administrar conteúdo na Internet, baseada no compartilhamento de protocolos e padrões. Isso significa que todo tipo de material fica disponível, pode ser armazenada e acessado de qualquer computador graças ao uso de uma linguagem comum a HTML (uma maneira de traduzir diferentes tipos de informações e move-las pela Internet). Outra característica importante da inovação de Berners-Lee é o hiperlink, pois conecta coleções de informações, e permite ao usuário navegar através da WWW através de clicks, transportando pagina a página.


Em um nível, não vamos a lugar nenhum: estamos em frente a uma tela, mas, precisamos pensar além; pensar nos aspectos simbólicos e experimentais de estar online. Os termos usados para explicar essas dimensões são ciberespaço e cibercultura. Por certo tempo, o termo usado para descrever os entendimentos e encontros era ciberespaço; alguns acadêmicos preferem o termo cibercultura, pois a Internet não é apenas um artefato tecnológico, mas também é um fenômeno cultural, e esses dois domínios não podem ser separados.


'Doing' the Internet


Nós usamos a internet para ...? Podemos listar usos reais e possíveis, ela pode ser usada para comunicação interpessoais (através de chat, email, msn, skype; utilizando aparatos de texto, som, imagem, e vídeos), para enviar e receber informações em diversos formatos, para encontrar novos amigos, vender e comprar coisas, encontrar informações sobre praticamente tudo, falar sobre você e seu mundo para outras pessoas


Os usuários se tornaram mais sofisticados usando o que a internet tem a oferecer, e desenvolvendo novos usos.


Desde os primeiros usos nas comunidades cientificas e militares, a difusão da internet sempre ficou dividida em duas trajetórias: uma de maior abertura e liberdade, a outra de maior controle e dominação. Na década de 1990 houve muita discussão sobre como a internet que permitia 1 - liberdade de usar de suas identidades reais e corpos, 2 – e formações de novos tipos de comunidades virtuais, unindo as pessoas com identidades ou interesses comuns. Alguns sugeriram que um novo mundo estava em formação habilitado pela tecnologia, enquanto os críticos enxergaram uma ruptura da sociedade em infinitos grupos minúsculos de interesses especiais.


Então houve o dot.com boom, onde a internet foi povoada por negócios online, havendo também a migração de atividades antes offline para online (como as compras, o que fez da internet um enorme shopping, e dos usuários consumidores potenciais). Seguindo em frente, usuário passive, que por um tempo foi considerado como um zumbi comprador, se transformou em alguém novo: alguém que não está atrás apenas de barganhas, ou algumas músicas grátis para download, mas indivíduos que querem construir espaços sociais em torno dessas atividades.


O que nos leva (novamente) para as redes sociais online. Atividades como blogging no MySpace e Facebook tem sido proclamada como transformadora daquilo que "fazemos" no ciberespaço, na criação novas formas de interação social mediada pela web. JonhQuiggin (2006) descreve que essas plataformas estão juntas formando um espaço compartilhado de auto-expressão e interação social que altera radicalmente o que significa escrever (e ler), quem pode produzir (e consumir) o conteúdo da web, criando um universo paralelo, a blogosfera, onde os fluxos de mídia conteúdo são interrompidos, redirecionado, upsed e misturados.


Nova mídia/ me media


Sites como MySpace, YouTube, tem suas maneiras de mudar a maneira que os usuários usam a internet. Eles fazem parte de grandes transformações em todo terreno das Novas Mídias, como por exemplo, a convergência. Podemos dizer que Internet se tornou parte central de uma nova maneira de "fazer mídia". A convergência ocorre quando a mídia se hibridiza e recombina; e pode ser convergência de dispositivos (por exemplo, o celular), de ferramentas, e conteúdo. O site YouTube é um ótimo exemplo de convergência, primeiro se compartilhavam vídeos caseiros, evoluiu e hoje exibe diversos vídeos (filmes, episódios de séries, trechos de programas de TV etc.) oficialmente ou não.


A convergência e a plataforma de multi-intextualidade estão mudando nossa experiência de espaços de mídia, e fazer distinções entre o "real" e "virtual" beira o nonsense. Os novos aparelhos permitem estar constantemente conectado a redes sociais na internet e a outras (humana), e para Souza e Silva (2006) essas novas tecnologias estão recriando os espaços urbanos como ambientes multiusuário.


(Re)Pensando a mídia social


Em particular, para o autor, parece necessária a busca de novas maneiras de se explorar os processos de "escrever" e "ler" a "me media", e novas maneiras de se pesquisar como os usuários interagem em e com os espaços híbridos. Novas teorias e novos métodos podem adequadamente formar uma nova agenda de pesquisa em Novas Mídias, como um conjunto sócio-técnico: Estudos da Mídia 2.0


Caso de Estudo: Wikipedia (GAUNTLETT, D.)


Wikipedia é o maior projeto colaborativo mundial.


A origem da Web 2.0


Quando Tim Berners-Lee criou o WWW, ele pensou que seria um lugar onde as pessoas poderiam colaborar para compartilhar e construir conhecimento. A sua intenção era de que cada web browser conseguisse editar as páginas, e não apenas lê-las; mas por mais de uma década, ninguém se empenhou para que os browsers pudessem ser usados nesse intuito. Contudo, recentemente a Web 2.0 pode permitir isso, usando sistemas já existentes de uma nova maneira.


Wikipedia


O maior exemplo da web 2.0 seria justamente a wikipédia (a enciclopédia que qualquer um pode editar). A Wikipedia não inventou o conceito, e não foi a primeira wiki (site que permite a qualquer usuário alterar informações). A Wikipédia cresceu com a Nupedia, que era uma enciclopédia online escrita por experts, mas que intimidava a participação de outros indivíduos, e assim surgiu o projeto wikipedia. Atualmente a quantidade de artigos postados na Wikipédia é impressionante, e a veracidade desses artigos pode ser comparado com a enciclopédia Britânica.


Não tema a Wiki


Apesar de muitos acadêmicos ainda não creditarem confiança na wikipédia, já foi demonstrado que podemos "confiar" nela. Os seus artigos estão em constante atualização, diferentemente do que está impresso. A quantidade de imprecisões encontrada na Wikipedia e Enciclopédia Britânica é muito próxima (4 na wiki, 3 na britânica). E diferentemente da sua rival, a Wikipedia se torna melhor a cada mês. As maiores preocupações que envolvem a wikipédia é que as informações não podem ser atribuídas a um autor expert em particular. Mas no processo colaborativo online participam diversos indivíduos de diferentes graduações e experts.


E para aqueles que sentem que a sociedade se tornou fundamentalmente decadente, anti-social, egoísta e dominado, o mundo da Wikipédia oferece uma forte sugestão de que não é bem assim. Afinal, pessoas passam horas colaborando na construção de recursos acessíveis para outros, por muito pouca recompensa pessoal.


As pessoas não estragam/bagunçam sempre?


É claro que pode haver vandalismo em algum dos milhões de artigos, mas isso também é corrigido rapidamente por outras pessoas. Alguns artigos são protegidos ou semi-protegidos (não pode ser editado por novos usuários).


Não são opiniões de não experts? A wikipedia não é um monopólio?


Primeiramente, a wikipedia desafia a própria definição de expert. Em relação à segunda pergunta, a diferença fundamental na natureza entre uma corporação de fins lucrativos X não comercial enciclopédia produzida para todos. Quanto mais as pessoas usam a Wikipedia, melhor ela fica.


Wikipedia e Mídia 2.0


A Wikipedia é apenas um exemplo do tipo de transformação sugerido para pessoas em numeroso campos. Tornando a Internet uma ferramenta poderosa com efeitos poderosos em todas as arte, mídia, ciência, sociedade e comunicação.