CREEBER, Glen; MARTIN, Royston. Digital Cultures -Understanding New Media. Open University Press -McGraw-Hill Education, 2009. (p. 11 - 29; p. 30 - 45)
> De acordo com Souza e Silva (2006 apud BELL, 2009) as novas tecnologias recriam os espaços urbanos como ambientes multiuso. Assim, as cidades contemporâneas são marcadas pelo grande fluxo de informação, mediado em partes, pelas tecnologias digitais de produção e distribuição. O uso dessas tecnologias pode contribuir com a ideia de uma possível dissolução de fronteiras, na qual as relações geográficas perdem importância se comparadas a interconexão de mercados e pessoas através de redes de comunicação digitais?
> Estudar esses ambientes sem fronteiras/limites faz surgir duas questões: numa ponta, pensando no usuário, como o indivíduo que utiliza, por exemplo, sites de redes sociais, pode se "apoiar" para definir seu modo de representação identitária? Na outra ponta, focando no pesquisador, como limitar um universo numa investigação?
> Creeber enumera que alguns críticos da pós-modernidade argumentam que é quase impossível distinguir entre a imagem da mídia e a imagem real. Essa integralidade sustenta a perspectiva de Goffman de Self Público?
> Como explicar o conceito de Baudrillard (1994), em que a cópia simulada muitas vezes supera o objeto real (Simulacro de Terceira Ordem) dentro da perspectiva das Interações Sociais proposta por Mead?
> No Case Study “Digital Aesthetics”, o autor anuncia que o objetivo do texto é problematizar a existência de uma estética digital. Embora na conclusão ele afirme que não exista uma única estética da cultura digital, assim, de forma tão ampla - o que nós tendemos a concordar -, ele pontua que “aquilo que não podemos ver é a parte mais significativa da estética digital”. Nesse sentido, questionamos: os sites de vídeos pornográficos amadores, por exemplo, não seriam emblemáticos de um tipo de estética digital em que o “poder ver” é um forte elemento (contrapondo, portanto, o argumento do autor)?
> No texto “On the Net: Navigating the World Wide Web”, David Bell menciona algumas transformações advindas do uso da Internet. Entretanto, na página 35, o autor menciona que as plataformas alteraram a noção de quem produz e de quem consome, “criando um universo paralelo”. Perguntamos: há mesmo um universo paralelo, ou - pelo contrário -, estamos num único universo, um universo marcado por traços fortemente digitais?
> Levando em consideração a afirmativa de que "a partir das transformações tecnológicas e culturais, o ser humano poderia entender o dilema ético e político da sociedade contemporânea..."(Holmes 1997:1), pergunto: Estas mesmas transformações, aliadas à velocidade e multiplicidade das interações digitais e das múltiplas identidades virtuais não trazem também novos dilemas?
> O aspecto simbólico e experiencial na forma de entender, produzir comunicação e interagir socialmente através dos artefatos tecnológicos, leva os indivíduos ao sentimento de poder e controle ?
> Ao mesmo tempo em que temos uma noção cada vez mais complexa de self (multifacetado, diverso, variante), todas estas derivações ocorrem sobre o mesmo corpo e ocorrem a partir do mesmo "self" como sujeito. Se no pós-modernismo entendemos que não há self autentico (essencial, a ser preservado...) podemos também considerar que estas variações estarão sempre compondo novas figuras para o self. Não podemos dizer que há, na combinação individual de variações comportamentais e de acumulo de experiências de fachadas assumidas, uma singularidade? Singularidade não como o "essencial" mas como combinação única?
> Ao mesmo tempo, precisamos admitir que efetivamente ha um processo de massificação dos elementos culturais disponíveis. A forma como produzimos sentidos a partir dos elementos disponíveis sempre estará aberta à inovações, mesmo que se massifiquem também os modelos interpretativos hegemônicos?
> Como apontado no texto, não podemos deixar de considerar que a Internet (e as mídias digitais) é antes de tudo um dispositivo de controle, de padrões e protocolos. Ao mesmo tempo em que permite a expressão da diversidade e liberdades jamais possíveis nas "velhas mídias", as novas mídias ilustram o que Deleuze chama de sociedade de controle, com dispositivos que configuram as condições de possibilidade do dizível e do visível, participando diretamente na produção das subjetividades. A exemplo do perigo dos filtros-bolha (apresentado por Eli Pasier no Ted Talks) e da ameaça da quebra da neutralidade da rede no âmbito técnico, não merece nossa atenção os dispositivos que atuam na padronização e modulação de valores, princípios e esquemas ?. Pensar a emancipação digital passará cada vez mais pelos manejos e desvios dos mecanismos de controle para manter aberto o espaço de liberdade e singularidades?
> Poderíamos arriscar dizer que presenciamos um Gerenciamento de Impressões de segundo nível, cada vez menos individual, e cada vez mais guiado pelas corporações e seus sistemas automatizados que controlam a rede como sugerem os pós-estruturalistas?
> A representação numérica, como característica estética digital, gera repercussões no self? Mecanismos de comparação mais rígidos e matemáticos, baseados nesta característica, estariam mais frequentes?
> Quais as relações do aprendizado da produção colaborativa em ambientes auto-regulados como a Wikipedia e do aprendizado de processos sociais mais amplos como política e economia?
> Segundo os críticos pós-modernos, não mais se distingue o virtual do real, o público do privado, a máquina do humano. A realidade seria nada mais que uma construção feita a partir da linguagem e da narrativa que o indivíduo faz. Onde fica o corpo físico? Como o corpo é tratado por esses novos paradigmas? (Estas perguntas talvez reflitam o uso de uma lógica de tempo-espaço antiga para tentar “driblar” o incômodo da sensação de que nos tornamos apenas “palavras” num “não-espaço”.....)
> O mundo virtual permite que o indivíduo crie e adote identidades diversas conforme os ambientes que interage. Quais as implicações disso para a saúde mental? As novas mídias seriam psicotizadoras?
> As novas mídias seriam agregadoras identitárias?
> As fronteiras entre o patológico e a normalidade instituídos socialmente estariam mais fluidas ou teriam outras conformações a partir da vida virtual/digital?
> Como o consumo de drogas enquanto consumo estimulado/influenciado pela pós-modernidade teria interferência em sua expressão de fenômeno social a partir das novas mídias?
> Os direitos humanos, as referências de democratização, o exercício da cidadania, enquanto novos conceitos polemizados e dimensionados pela pós moderna vida das novas mídias e redes sociais transformariam quais aspectos da socialização humana atual?
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