terça-feira, 18 de outubro de 2011

FICHAMENTO - Digital theory: theorizing new media

CREEBER, G. "Digital theory: theorizing new media" in "Digital Cultures - Understanding New Media".


POR ELVA VALLE


Não há um método ou estrutura teórica para se estudar as Novas Mídias, pois esse campo é tanto complexo como diverso, e seriamos ingênuos sugerindo que uma única teoria poderia abarcar toda a complexidade das novas mídias.


Modernismo e a "velha mídia"


O modernismo tende a uma crença otimista no poder da modernidade para transformar a vida para melhor. No entanto, com o passar do tempo, ficaram mais evidentes os efeitos da ciência e industrialização na vida humana; e os modernistas passaram a perceber a industrialização como inimiga do pensamento livre e da individualidade, gerando um universo frio e "sem alma". E por isso a reação do modernismo à modernidade é muitas vezes percebida como paradoxal, afirmando que apenas "arte elevada" poderia sustentar o papel de crítica social e estética. E é justamente a tensão entre: uma cultura de massa "irracional" e uma vanguarda "iluminada", que pode explicar a reação do modernismo para as mídias desenvolvidas durante o século XX.

A escola de Frankfurt percebia a mídia como um produto padronizado de industrialização, comparando a cultura de massa com o fordismo. Gerando assim uma percepção de uma audiência passiva e crédula, o modelo da "agulha hipodérmica", o público seria constantemente 'injetado' por mensagens da mídia, como se fosse um narcótico alterador de mente.

Identificamos assim os componentes pelos quais a mídia e o público foram concebidos e analisados durante a primeira metade do século XX. Essa abordagem que desconfia dos meios de comunicação, e afirma que o público precisa ser protegido de sua influência, difere profundamente das novas idéias teóricas que tentam definir a "teoria digital" e o papel das Novas mídias no século XXI.

Pós-modernismo e Novas Mídias

O pós-modernismo é geralmente associado as mudanças que ocorreram depos da revolução industrial. A economia pós-industrial é de transição entre uma economia manufaturada para uma economia baseada no serviço. Novas tecnologias de informação, globalização de mercados financeiros, o crescimento de serviços, e o trabalhador de colarinho branco e o declínio da indústria pesada. As mudanças na sociedade influenciaram como os teóricos críticos entendem e concebem o papel da mídia na sociedade.

O pós- estruturalismo argumenta que a realidade só pode ser pensada através da linguagem e discurso, ou seja, a linguagem constrói a nossa visão de nós mesmos e do real. Enquanto o modernismo tendeu a buscar o sentido e verdade no caos e fragmentação do mundo moderno, o pós-modernismo parece aceitar que a busca da verdade universal é fútil. E com a chegada da inteligência artificial, cibercultura e comunidades virtuais, a definição de o que é real ou não, sofre uma drástica transformação; por exemplo, empresas reais colocam propagandas em "mundos" virtuais, e isso influencia a venda "real" dos produtos/serviços.

Com as diversas comunidades virtuais, podemos escolher que identidade queremos adotar, e quais rejeitar; permitindo ao indivíduo decidir como ele se define. Essa noção de identidade fluída parece estar em contraste com o conceito de cidadania e que propagado nos fundamentos das raízes modernistas.

A interatividade promovida pelas novas mídias, concebe o público como participante ativo na criação de significado, YouTube, MySpace e Facebook parece refletir esse entendimento de "cultura participativa", não só com a criação de comunidades virtuais, mas também permitindo que o público torne produtor e receptor da mídia. Mas para os críticos, a globalização pode na verdade diminuir as identidades culturais e nacionais, deixando os indivíduos mais parecidos e culturalmente homogêneo. A internet tem sido acusada também de encorajar obsessões com trivialidades inúteis, como hobbies bizarros e programas de baixa qualidade na tv. Os críticos argumentam também que as comunidades ditas "reais" estão sendo negligenciadas.

As novas mídias parecem oferecer um mundo de imagens brilhantes e comunicação ilimitada. A utopia tecnológica pode sugerir que as novas mídias vão automaticamente melhorar nosso mundo, mas isso depende de como e o que fazemos com as escolhas que são oferecidas.


Estudo de Caso: Estética Digital (SEAN, C.)


O capítulo aborda a discussão de uma estética digital, explicar e explorar como a representação digital do mundo é esteticamente diferente do que foi fornecer pelo analógico.


o termo estética se refere ao estudo de valores sensorial ou sensório-emocional. Certas formas de mídia também compartilham características estéticas que diferenciam elas de outros tipos de formas e expressões culturais.


Definindo o cenário digital


A característica fundamental da mídia digital é que ela é movida por minuto, discretos impulsos elétricos, comumente caracterizado por "on" e "off". Muitos aspectos da mídia digital não podem ser sentidas. Mas, a mídia digital normalmente exige o apoio de algum dispositivo físico. Com a virada do milênio, muito foi falado sobre a convergência de equipamentos, mas pesquisas de mercado mostraram que as pessoas preferem ter aparelhos diferentes para cada função. Contudo, muitos aparelhos são incompatíveis, por exemplo sincronizar aparelhos portáteis com computadores domésticos pode ser uma atividade de alto risco. O problema central é a compatibilidade de software. As mídias digitais herdaram legados inerentes dos meios de comunicação como a máquina de escrever e televisão.

Compreender o funcionamento dos dispositivos digitais e redes é crucial, também, para o combate das discussões de utópicos/distópicos mal informados que caracteriza uma cobertura da antiga mídia sobre a nova.

Uma grande parte do discurso sobre a web diz respeito às contradições não resolvidas entre a promessa da liberdade e temores de quebra de segurança (roubo, pirataria, terrorismo, pedofilia etc.). Essa dialética de excitação e ansiedade sobre uma mídia emergente tem um longo histórico: a mídia digital está sendo tratada como os quadrinhos foram em 1950, a TV em 1940, o cinema em 1920, os jornais e revistas em 1890.


Características Digitais


Terry Flew isolou algumas qualidades-chave das mudanças: digitalização e convergência; interatividade e redes; virtualidade e globalização. Lev Manovich identifica cinco características: representação numérica; modularidade (princípio de montagem de unidades maiores de menores); automação; variabilidade; transcodificação (relação diária entre computação e cultura). São exemplos de abordagens, teses, e informações que têm sido oferecidas para definir as características distintas da estética digital.

Estética digital, como qualquer outra forma de estética, tem que responder às qualidades materiais dos meios de comunicação que investiga. A estética digital tem a tarefa desconfortável de observar muitas coisas que não podem ser vistas ou tocadas. Outro problema é que não existe uma estética digital "única", assim como não poderíamos imaginar uma estética de pintura única.

Em nosso lidar com as máquinas, os humanos escravizaram a tecnologia, exigindo que ela faça o que queremos. Mas, cada vez mais, cientistas estão desenvolvendo máquinas que têm a capacidade de evoluir seus caminhos. A estética digital que emerge terá que promover um diálogo democrático entre tecnologias como a bioinformática e nosso ecossistema.

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